Segunda-feira, 20 Maio

“Pranzo di Ferragosto” por João Miranda

Gianni, um homem de meia-idade solteiro, toma conta da sua mãe, passando algumas dificuldades financeiras. A meio de Agosto, num feriado em que os italianos costumam usar para tirar umas férias, o Administrador do Condomínio propõe-lhe perdoar-lhe algumas dívidas se tomar conta da sua mãe, enquanto vai ter com a família às termas, para tratar de um problema de pele. Esta é a premissa de um pequeno filme italiano que explora a solidão, a velhice e a amizade, com um toque mediterrânico de sol, cozinha e vinho.

Os planos cuidados das ruas vazias de Roma ou do mercado onde Gianni faz as compras e o interior da casa deste, mostram uma preocupação estética que revela a vontade de que tudo pareça natural. Esta mesma preocupação levou o realizador a optar por mulheres que nunca tivessem representado, procurando nelas a espontaneidade que um treino formal pudesse diluir. A melodia que acompanha o filme completa este ambiente, que nos envolve com uma suavidade tal, que quase que nos faz sentir os aromas da cozinha quando se preparam as refeições.

É uma história simples, que explora alguns temas com seriedade sem nunca o tornar óbvio e com uma delicadeza e sensibilidade que por vezes parece escapar ao cinema. Num ambiente urbano que se tem tornado demasiado global e impessoal, sabe bem retornar a uma simplicidade tradicional latina, ao calor e à amizade que nos caracteriza e às coisas na vida que nos dão prazer, como as pessoas e a comida.

O Melhor: simples, sensível e sincero
O Pior – há na história algumas pontas soltas e a inexperiência das actrizes nem sempre é boa

A Base
“É uma história simples, que explora alguns temas com seriedade sem nunca o tornar óbvio e com uma delicadeza e sensibilidade que por vezes parece escapar ao cinema.”…. 7/10

 

João Miranda

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