Segunda-feira, 20 Maio

“Che – Guerrilla” por João Miranda

 

 

 

O que faz um ícone? Esta parece ter sido a questão que motivou Soderbergh a realizar este filme sobre Ernesto “Che” Guevara. Após uma recepção nos festivais internacionais de cinema, o filme foi reeditado e dividido em duas partes. Estreia agora a segunda parte deste filme nas salas de cinema, mas é impossível não os ver como um único.

 

Enquanto o primeiro filme se focava sobre a revolução cubana e, como tal, era consideravelmente mais positivo, este foca-se no último esforço revolucionário de Che, na Bolívia, onde nunca conseguiu os suportes político e popular necessários e, assim, é bastante mais negativo. Mas não é esse o problema dos filmes. Ainda que sejam a nível técnico exemplares, os filmes são desiguais: a primeira parte parece desconstruir imageticamente o dito ícone e, assumindo uma posição quase documental, acaba por nunca nos mostrar o homem por detrás das acções representadas, mesmo com o esforço magnífico de Benício del Toro para o fazer; esta segunda parte peca por uma realização mais fechada e rígida, fazendo com que o desconforto seja não só palpável como também, ao fim de mais de duas horas, sentido fisicamente. A neutralidade emocional de um é substituída pelo seu excesso no outro, o que o torna um filme mais difícil.

As perguntas que se põem ao ver o filme são: o que faz o homem e será que, de facto, o vemos nestes filmes? E qual o propósito de Soderbergh para fazer este filme? Não se pode dizer que o resultado final seja positivo e talvez seja isso o que fez com que tivesse sido mal recebido inicialmente e pelo qual a primeira parte tenha recebido melhores críticas que esta última. Pessoalmente, prefiro “Os Diários de Motocicleta”, realizado por Walter Salles em 2004, onde se pode ver o investimento político do filme, sem pedir desculpas por isso, e que não se fica por um mero exercício técnico.

O Melhor: A técnica, tanto a nível de realização, como de representação.
O Pior: O Joaquim de Almeida; na sessão a que assisti, uma senhora ria-se cada vez que este falava e com razão.

Base:

A Base
“Não se pode dizer que o resultado final seja positivo e talvez seja isso o que fez com que tivesse sido mal recebido inicialmente e pelo qual a primeira parte tenha recebido melhores críticas que esta última.”…. 7/10
 
João Miranda

 “Che – Guerrilla” por Jorge Pereira (6/10)

 

Notícias