Segunda-feira, 20 Maio

“Duplicity” por João Miranda

 
 
 
Com o esgotar dos formatos tradicionais, era inevitável que aparecesse nas salas um filme assim: Duplicity é uma comédia romântica clássica misturada com os filmes de espiões, como o James Bond, e de assalto, como o Ocean’s Eleven. Tudo, desde o início, nos avisa disso mesmo: todas as referências visuais, com a piscadela nas transições aos anos 70, a música, sofisticada e a adaptar-se à localização, e o diálogo saltando entre o jargão de procedimentos de segurança e o flirt entre os personagens principais.

O filme conta a história de duas personagens e da rivalidade entre duas grandes empresas de produtos cosméticos, representada logo no início numa cena hilariante em que se vê Paul Giamatti e Tom Wilkinson a lutar à chuva, numa pista de um aeroporto, perante o olhar incrédulo dos seus colaboradores. O próximo produto a ser revelado por estas empresas e os esforços a que se prestam para sabê-lo de antemão e, com sorte, até roubá-lo, é o MacGuffin, que move estas duas personagens numa trama de espionagem industrial que nuca se leva demasiado a sério.

Nada neste filme é original, percorrendo os três estilos (romântico, espiões, assalto) exemplarmente, tocando todos os pontos esperados e não se desviando muito no caminho. As personagens são estereotípicas e há demasiados momentos “aha! Gravei tudo e agora vou usá-lo contra ti!”, levando-me a crer que toda a gente na espionagem industrial nada com um gravador no bolso do casaco, só em caso de necessidade.

Há um esforço óbvio na fotografia, mas há planos que parecem paralisar num determinado momento, continuando a cena a decorrer com a câmara parada, o que rapidamente se torna uma distracção. As transições também se tornam aborrecidas em pouco tempo, pecando pela falta de originalidade: há um momento em que se percebe que se está em Londres porque se vê o Big Ben, seguido de um táxi, seguido de um autocarro Double Decker e, como se ainda não tivéssemos de alguma forma percebido, seguido da indicação que estamos em Londres.

É um filme ligeiro, fácil de se consumir e de se esquecer, ideal para fugir à realidade durante hora e meia e sair-se bem-disposto.

O Melhor: O Clive Owen, mais Bond que o Daniel Craig .
O Pior: A falta de qualquer elemento original.

A Base
É um filme ligeiro, fácil de se consumir e de se esquecer, ideal para fugir à realidade durante hora e meia e sair-se bem-disposto… 6/10
 
João Miranda
 
 
 

 

 

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