Segunda-feira, 20 Maio

“Quarantine” por José Pedro Lopes

 

“Quarantine’ fechou a noite de Carnaval do Fantasporto, tendo sido exibido já passava da uma da manhã. Esta produção da Screen Gems é um ‘remake’ americano do filme espanhol ‘REC’, da Jaume Balagueró (‘Darkness’, ‘Fragiles’), o vencedor do Fantasporto do ano passado.

Utilizando a estética narrativa de ‘Blair Witch Project’ e ‘Cloverfield’ (ou seja, o que vemos é uma gravação, e não um filme narrativo, designada em alguns circuintos como ‘CAM-film’), ‘Quarantine’ mostra-nos uma cassete encontrada nos escombros de um edifício em Los Angeles.
Na cassete, vemos as filmagens feitas por dois jornalistas que acompanhavam uma equipa de bombeiros numa missão médica, aparentemente simples, num prédio antigo. Mas depressa percebemos que forças sinistras estão por detrás dos problemas – e quando o prédio é posto em quarentena pela polícia, os jornalistas e bombeiros irão ter de enfrentar o mal residente.

‘Quarantine’ é um ‘remake’ americano algo frustrante. Muitos furos acima de quase todos os ‘remakes’ de filmes asiáticos de terror, ‘Quarantine’ não perde eficácia na sua transição atlântica. O realizador John E. Dowdle é excessivamente fiel à linguagem de Jaume Balaguero para isso acontecer. Temos portanto uma obra portentosa e bem ritmada, com um clímax final terrorífico. Mas é naturalmente frustrante para todos os que viram ‘REC’ há menos de um ano atrás. Este ‘remake’ foi feito depressa demais – não houve um cuidado em acrescentar ou melhorar nada (não que houvesse algo para melhorar, mas qual é a lógica de fazer um ‘remake’ exactamente igual?).

‘Quarantine’ é portanto eficaz por afinidade, todos os seus méritos são os de ‘REC’, esse sim um filme que aguarda os anos necessários para se converter num clássico de culto. ‘REC’ é, sem dúvida, o melhor ‘CAM-film’ alguma vez feito: mais eficaz que ‘Cloverfield’ e mais aterrorizante que ‘Blair Witch Project’ ou ‘Diary of the Dead’.

Para ‘Quarantine’ sobra apenas um mérito próprio: a actriz Jennifer Carpenter. A co-protagonista da série “Dexter” transpira carisma no ecrã – literalmente, pois com tanta correria, é mesmo entre suor e lágrimas que a vemos elevar o papel de Manuela Velasco (do original) a um patamar superior. A sua interpretação é igualmente histérica mas bem mais divertida.

Foi, por isso, um fim-de-noite algo frustrante para o público do Fantas. Ficou o sabor na boca de quem viu um filme repetido sem ter pedido.

Cardápio completo de notas:
Quarantine: 7/10
Para quem nunca viu REC: 8/10
Para quem já viu REC: 6/10

REC: 10/10

José Pedro Lopes
 

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