Casey está a fazer babysitting na casa do outro lado da rua. Ela adormece na sala, descansada, pois quer Matty, de 5 anos, quer o bébé que tem de tomar conta estão a dormir no andar de cima. Mas ela tem um pesadelo terrível, envolvendo um cão mascarado e um miúdo estranho.
Acordando sobresaltada, Casey ouve uma voz através do intercomunicador do quarto do bébé. Ela sobe e entra no quarto e encontra Matty a susurrar ao seu irmão bébé enquanto o força a ver o seu reflexo no espelho. Quando Casey o aborda, ele agredia-a com o mesmo espelho.
Casey volta para casa mas a sua vida começa a ser perseguida por eventos bizarros. Os seus olhos começam a mudar de cor, as visões repetem-se e o bébé do outro lado da rua acaba por morrer: e segundo diz um mito americano, se um bébé vir o seu reflexo, torna-se amaldiçoado.
‘The Unborn’ é mais um filme de fantasmas americano de estética moderna. Isto é um problema, e sério. Estes filmes sofrem de um excesso de truques de realização, efeitos de computador e um estilismo berrante. O terror sofre terrívelmente com isto, e este problema remonta já aos tempo de ‘Stigmata’ com Patricia Arquette: um filme com uma história fantástica, destruído por uma realização excessiva.
Mas ‘The Unborn’ é, provavelmente, o melhor deste cinema de excesso estéticos. O argumentista e realizador David S. Goyer realiza bem e escreve, acima de tudo, muito melhor.
Goyer cria uns primeiros trinta minutos de verdadeiro suspense e de grande inquietação, antes de mergulhar o filme numa complexa história que remonta à Alemanha nazi (!) e a exorcismos judeus – um lado do imaginário terrorífico religioso pouco abordado no cinema.
O filme de Goyer sai também beneficiado por ser baseado numa história original. Filmes como ‘The Grudge’, ‘One Missed Call’ ou ‘The Uninvited’ eram maus porque tentavam americanizar à pressa filmes com narrativas tipicamente asiáticas. ‘The Unborn’ é melhor organizado e muito bem equilibrado.
Temos portanto um bom filme de terror comercial, melhor escrito do que é habitual no género, e bem realizado – que falha só no estilo e no seu imperativo de espectáculo final.
A reacção do público do Fantas foi muito boa. É um filme bem ritmado e com momentos de suspense bem criados – o filme estava agarrado e tenso do início ao fim. Houve gritos na sala e pessoas a saltar da cadeira, e quando as legendas do fim apareceram, as palmas não foram a pedido, foram com vontade. Bem melhor do que, no ano passado, a versão americana de ‘One Missed Call’, que foi vaiada.
7/10