Segunda-feira, 20 Maio

IFF Roterdão:«Errors of the Human Body» por Fernando Vasquez

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 Posso estar enganado, mas parece-me um facto demasiado frequente que um thriller de ficção científica, com laboratórios ou hospitais como pano de fundo, acabe, mais tarde ou mais cedo, a descambar numa dissertação sobre valores morais e éticos manchada por um puritanismo atrofiante. “Flatliners” de Joel Schumacher, “Coma” de Michael Crichton ouThe Fly” de David Cronenberg são boas exceções, mostrando que é possível produzir experiências cinematográficas deste calibre que não se perdem em exageradas avaliações morais mais ajustadas a outros géneros. 

“Errors of the Human Body”, a primeira longa-metragem do jovem cineasta alemão Eron Sheenan, parece querer seguir estes exemplos, sabendo conciliar uma subtil crítica à manipulação genética sem nunca se descuidar ou desviar do objetivo principal: criar um ambiente de suspense e ação digno dos seus antecessores. 

Geoff Burton (Michael Eklund), um geneticista americano famoso pelos seus estudos controversos, chega à Alemanha para trabalhar num laboratório onde nada é o que parece, vendo-se rapidamente vítima de um vírus geneticamente modificado cujas consequências são impossíveis de prever. 

Brilhantemente representado por Michael Eklund, mais conhecido pelos seus papéis em “Watchmen” de Zack Snyder e na série televisiva “Fringe”, e pela mais recente musa do cinema alemão, Karoline Herfurth (Perfume), “Errors of the Human Body” sobressai acima de tudo pela paixão e emoção que consegue despertar apesar da esterilidade do guião e do ambiente em que se insere. 

Ironicamente, é na ausência de critica à manipulação genética que o filme exige mais reflexão, permitindo à audiência fazer os seus próprios julgamentos sem que o filme a tente manipular.   

Não se trata, seguramente, de uma obra prima do cinema contemporâneo alemão, mas, no entanto, possui a sempre difícil capacidade de manter a audiência de olhos pregados na tela durante hora e meia em moderada ansiedade, justificando alguma curiosidade no que Eron Sheenan poderá vir a fazer no futuro. 

O melhor: A fotografia e os créditos iniciais fazem do filme mais do que é na realidade
O pior: A relação entre as personagens principais parece muito forçada e pouco burilada.
 
 
 Fernando Vasquez
 

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