Segunda-feira, 20 Maio

IndieLisboa’12: «¡Vivan las Antipodas!» por João Miranda

Uma sinfonia visual, a celebração da vida e da Terra 

 
É a frase de Alice, enquanto cai pela toca do coelho que parece não ter fim, que dá início a este filme: “Pergunto-me se vou atravessar a Terra! Que engraçado seria sair entre as pessoas que andam de cabeça para baixo!”. E é a um país das maravilhas que nos leva Victor Kossakovsky, realizador russo, procurando estes lugares místicos que, porque a superfície da Terra é coberta na sua maior parte por água, são menos frequentes do que se poderia esperar: as Antípodas.
 
É um filme caleidoscópio, um ensaio fotográfico sobre quatro pares de antípodas habitados por pessoas, que documenta as diferenças entre as paisagens e as vidas de quem as habita, com planos e movimentações da câmara que quase nos permitem ver a Terra a rodar. No seu melhor, lembra a grandiosidade de “A Árvore da Vida” de Terrence Malick, só que sem a história e final medíocres, misturada com a celebração de vida que é a cena final de “Play Time” de Jacques Tati.
 
Com uma estrutura crescente que se parece mais com música do que cinema, este filme é uma sinfonia visual, a celebração da vida e da Terra. Mas não fique a ideia que não há aqui consciência, as cenas finais são avisos sobre o terrível poder da Natureza e sobre a forma como a tratamos.
 
O Melhor: A fotografia, os planos, a estrutura, a celebração.
O Pior: O ritmo é inconstante, com alguns planos a demorarem-se demais e outros de menos.
 
 João Miranda
 
 

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