Sábado, 18 Maio

Morreu o realizador brasileiro Maurice Capovilla

Morreu aos 85 anos o ator, argumentista e realizador Maurice Capovilla. Diagnosticado com Alzheimer há cinco anos, Capovilla acabaria por sucumbir na sua casa no Rio de Janeiro, vítima de uma doença pulmonar.

Responsável por oito longas-metragens entre 1968 e 2003, estreou-se na direção com as curtas “União“, “Meninos do Tietê” e “Subterrâneos do Futebol“. A sua primeira longa-metragem foi “Bebel, Garota Propaganda“, baseada no romance “Bebel que a cidade comeu” (1968), de Ignacio de Loyola Brandão. Nela seguimos uma jovem bela e pobre que é contratada para anúncios publicitários a sabonete. Deslumbrada com o sucesso, ela vê-se perdida quando resolvem substituí-la.

Nesse mesmo ano, Capovilla interpretou o papel de gangster no filme de Rogério Sganzerla, “O Bandido da Luz Vermelha“, um dos principais filmes do Cinema Marginal dos anos sessenta, e um ano depois estreou “O Profeta da Fome“, um dos raros filmes onde o falecido Jose Mujica Marins interpreta uma personagem sem ser o famoso Zé do Caixão. Inspirado no texto “Estética da Fome” de Glauber Rocha, o filme foi exibido no Festival de Berlim e no Festival de Brasília, onde sai premiado.

Ainda antes de assinar “Noites de Iemanjá” (1971), onde misturava misticismo e terror, Capovilla e Mujica voltaram a colaborar, mas os papéis inverteram-se, com o segundo a realizar e o segundo a atuar em “O Ritual dos Sádicos” (1970). Nesta década ele integra a equipa de realizadores do programa Globo Repórter, ao lado do documentarista Eduardo Coutinho, e depois de filmar “O Último Dia de Lampião” (1975) para a TV, leva ao cinema “O Jogo da Vida” (1977).

Entrou nos anos 80 com “O Boi Misterioso e o Vaqueiro Menino” e “Crônica à Beira do Rio“, assumindo nessa mesma década o papel de diretor de núcleo da Rede Bandeirantes. Foram precisos 23 anos para Capovilla regressar ao grande ecrã, o que aconteceria em 2003 com “Harmada“.

Foi em 2016 que estreou o seu último filme, “Nervos de Aço“, produzido pela Cavideo, uma comédia musical inspirada nos filmes noir que reinterpretava os sambas do compositor Lupicinio Rodrigues para o universo de um triângulo amoroso.

Em 2018 foi homenageado no  6º Festival de Cinema de Itu, certame que “Nervos de Aço” abriu.

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