Quinta-feira, 9 Maio

«The Whistlers» assobia alto para Cannes ouvir

A nova vanguarda romena encontra-se este ano representada por Cornelius Porumboiu com o seu The Whistlers (que já conta com distribuição portuguesa garantida), um policial com toques de heist movie que se fia no humor próprio e calculista do realizador, que impressionou aqueles que esperavam mais uma fatia no realismo encenado dos seus conterrâneos. Porém, os aplausos foram tímidos na sessão de imprensa.

Se os de gosto mais convencional apreciaram esta artimanha que gira envolto de um sistema de comunicação com base em assobios das Canárias, é de certo não encontramos aqui força além fronteiras para conquistar os máximos prémios do Palmarés (mas isso também é uma incógnita, pouco sabemos no que vai na mente do júri liderado por Inarritu). Obviamente que não estamos a desprezar um filme por envergar numa atitude “conservadora” face a outros concorrentes à Palma, nomeadamente Little Joe e Bacurau, que são as apostas no cinema de género, ou do frenético Les Misérables.

Cornelius Porumboiu está igual a si mesmo, quer no retrato das personagens de dupla face (desde policias corruptos a femme fatales), quer no seu declarado amor pela cinefilia, presente nos ecrãs dentro de ecrãs e das referências óbvias na sua ação. E neste termo que Porumboiu se destaca dos seus “colegas” romenos, nomeadamente Cristian Mungiu, Cãlin Peter Netzer e Cristi Puiu, na criação de fantasias hollywoodescas, um escapismo disfarçado que contagia a sua secura formal.

Talvez tais abordagens causam um efeito esperado, até porque a imprensa internacional vê-o a suplicar por um remake norte-americano (o cameo-surpresa é parte dessa sedução), e tendo em conta a escassez criativa vivida em Hollywood neste momento, nunca se sabe.

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