Quinta-feira, 9 Maio

“Quero poder levar entretenimento às salas de cinema”, diz Don Lee, o Dirty Harry da Coreia do Sul

Aos 52 anos, o pugilista e dono de ginásios de boxe Ma Dong-seok, hoje mais conhecido pela alcunha de Don Lee, atraiu as atenções da crítica com “Train To Busan“, filme de zombies de 2016, mas foi no trilho da pancadaria que ele se transformou num dos mais bem-sucedidos campeões de bilheteiras da Ásia. Foi no papel do detetive Ma Seok-do que se tornou uma espécie de Dirty Harry da Coreia do Sul.

Em 2017, a personagem surgiu na franquia de ação “The Roundup“, baseada em episódios reais das páginas policiais asiáticas. As três longas-metragens da saga, lançadas até agora, já arrecadaram 236 milhões dólares no circuito mundial. Uma quarta aventura de Seok-do faz a sua estreia internacional na Berlinale, fora de concurso.

Os dois títulos mais recentes foram vistos por cerca de 10 milhões de espectadores, cada um, na Coreia, mas fizemos o título mais recente ainda sob impacto da covid-19, num esforço de elevar a assiduidade do público. Respeito todas as formas de produção audiovisual e sei que o K-Pop e as séries para streaming são fundamentais para tornar a nossa indústria conhecida, mas o que quero é poder levar entretenimento para as salas de cinema“, diz Don em resposta ao C7nema.

Embora o Festival de Berlim tenha exibido ensaios em tons pop sobre a violência em anos recentes – caso de “Logan”, em 2017, e de “Time to Hunt”, em 2020 -, é curioso ver o mais politizado dos eventos cinematográficos do Velho Mundo flertar com o mainstream de género pela mais patrulhada das vias: os thrillers de pancada. Na sua nova película, assinado por Heo Myeong Haeng (duplo e cineasta estreante), Ma Seok-do (Lee) choca de frente com uma quadrilha de jogo ilegal online.

Tento sempre elevar a dose de diversão da trama, a cada nova fita, sem perder a conexão com casos extraídos da vida real“, disse Lee, que trabalhou sob a marca da Marvel Studios em “Eternos” (2021), de Chloé Zhao, no qual vive o herói Gilgamesh. “Sou fã de Sylvester Stallone e do seu Rocky, que me inspirou muito quando comecei a luta boxe“.

Nos EUA, Seok-do já atrai fãs, amparado nasua vertiginosa engenharia de edição e de cinematografia. Os títulos anteriores dessa cinessérie desafiam as leis da gravidade, num padrão “John Wick” de excelência. “Admiro muito o que Chad Sthaelski foi capaz de fazer na realização de ‘John Wick’. O que almejo no registo da ação é alcançar o máximo de realismo“, disse Lee, que brilhou em Cannes à frente do suspense “The Gangster, The Cop, The Devil” em 2019. “Espero um dia trabalhar em outros géneros. O elenco que veio até Berlim comigo tem essa diversidade de entrada em filões variados. Espero ter essa chance“, disse o ator.

A Berlinale termina neste domingo, sendo que a premiação será entregue neste sábado. A Coreia do Sul de Don Lee está na disputa pelo Urso de Ouro com “A Traveler’s Needs“, de Hong Sangsoo.

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