Quinta-feira, 9 Maio

“My Favorite Cake” vence prémio ecuménico e da crítica em Berlim

Mais forte concorrente ao Urso de Ouro da 74. edição do Festival de Berlim, a doce história de amor iraniana “My Favourite Cake“, da dupla Maryam Moghaddam e Behtash Sanaeeha, conquistou o Prémio do Júri Ecumênico na manhã deste sábado na capital alemã. Sexta-feira à noite, o concorrente do Irão (que foi censurada pelo regime político da sua pátria, num veto à presença dos seus realizadores) foi agraciada com o Prémio da Crítica, concedido pela Federação Internacional de Imprensa Cinematográfica (Fipresci). A mesma instituição coroou uma trama multinacional que se passa no Brasil e tem Kleber Mendonça Filho e Emilie Lesclaux (de “O Som ao Redor”) como coprodutores: “Dormir De Olhos Abertos“, de Nele Wohlatz.

Encarado como um dos mais encantadores achados da Berlinale 2024, “My Favourite Cake” é uma trama outonal envolvendo dois septuagenários: uma viúva e um taxista. Na realização, Maryam e Behtash são acusados de desafiar os códigos morais iranianos em relação ao uso de hijab.. A interdição da presença de Maryam e Behtash foi recebida pela direção do Festival de Berlim como um atentado à liberdade de expressão e um retrocesso em relação ao tratamento das mulheres.“Decidimos ultrapassar as restrições legais e pintar um retrato real das mulheres iranianas”, disseram os realizadores numa carta lida diante da imprensa pela atriz e jornalista Lily Farhadpour, que protagoniza “My Favourite Cake” ao lado de Esmaeel Mehrabi. Ela vive Mahin, que perdeu o marido há cerca de três décadas, criou (bem) a filha e hoje vive sozinha, aos 70 anos. Na mesma idade, o motorista Faramarz (papel de Esmaeel) também lida com a solidão no seu dia a dia. Porém, durante uma noite, num encontro casual, eles vão provar uma oite única.

Debruçado ainda sobre as seções paralelas da Berlinale, o Júri Ecuménico laureou também o norueguês “Sex“, de Dag Johan Haugerud, e o letão “Marijas Klusums“, de Dávis Simanis. Houve ainda menção honrosa para “Intecepted“, de Oksana Karpovych, da Ucrânia. A mesma cerimónia que premiou “My Favourite Cake” coroou um thriller eletrizante (com Omar Sy) com o Prémio da Amnistia Internacional: “The Stranger’s Case“, de Brandt Andersen. O filme segue por múltiplas personagens ligadas aos conflitos da Síria, entrando num fluxo migratório – abordado sob múltiplas vias. “Precisamos dar voz ao que se passa. A voz deles importa. A minha voz importa. Não somos estranhos ao que se passa“, disse Brandt.

Anualmente, o Sindicato de Cinemas Arthouse da Alemanha entrega um prémio no penúltimo dia da Berlinale. A produção laureada eeste ano foi o alemão “Dying” (“Sterben” no original), de Matthias Glesner. É um devastador painel familar formado a partir do trabalho de um maestro (Lars Eidinger) na regência de uma orquestra. A Berlinale anuncia o resultado das deliberações do júri oficial, presisido pela atriz Lupita Nyong’o, esta noite. No domingo, é divulgado o resultado do júri popular do evento, que gravita em torno dos títulos da mostra Panorama.

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