Quando interrogado qual dos seus livros considera o mais assustador, Stephen King assume que tem duas respostas. Para ele, provavelmente The Shining é o que mais gente aterroriza – no entanto foi Pet Sematary (reeditado em Portugal como Samitério de Animais), o livro que escreveu que o incomodou ao ponto de o arrumar numa gaveta para nunca mais ver.
Em 1977 – após o sucesso de Carrie e The Shining – Stephen King e a sua família viajaram brevemente para Inglaterra para o nascimento do seu terceiro filho, Owen. Quando regressam ao Maine (estado natal de King e onde se passam quase todas as suas histórias), King decide aceitar o convite para dar aulas de escrita criativa na Universidade do Maine, como forma de agradecer à entidade onde estudou.
Nesse período, King e a sua família mudam-se para uma casa isolada perto de uma estrada nacional com um trânsito extremamente perigoso, em Orrington. Um dia, King descobre um local perto da sua casa onde as crianças locais haviam criado um cemitério para os animais que apareciam atropelados. O local tinha campas improvisadas pelos miúdos – e a sua melancolia infantil incomodou King. Quando “Smucky”, o cão da sua filha Naomi morreu, eles decidiram enterrá-lo lá também, numa cerimónia familiar.
Semanas mais tarde, o seu filho Owen quase que morre atropelado por sair a correr disparado na direção da estrada.
King encontra assim inspiração para Samitério de Animais, onde um médico de Boston se muda para o Maine, e descobre um cemitério de animais perto de sua casa. Quando o seu gato morre, ele enterra-o lá para vir a descobrir que se trata de um local sagrado onde o que é enterrado volta à vida. Quando a sua filha morre também atropelada na estrada, o médico enterra-a para ela também voltar. Mas claro, o que já esteve morto – não volta ao mundo dos vivos igual.
Com parecenças assustadoras com a sua vida recente, King sentiu-se incomodado pelo seu livro. Ele tinha ido longe demais na hora de se inspirar pelas suas experiências. A sua esposa Tabitha e um dos seus amigos concordaram que Pet Sematary era demasiado obscuro mesmo para uma obra de King. A história é assim remetida para a gaveta.
No entanto, pressionado pela editora Doubleday para entregar um livro para terminar o contrato, King faz-lhes chegar Samitério de Animais – que se revela mais um sucesso na sua carreira.
Falando sobre o livro mais tarde, King descreve-o como uma “história condenada, onde parece que digo que nada funciona e tudo vai correr mal. Algo em que eu não acredito“.
Após a sua publicação em 1983, Samitério de Animais foi adaptado para cinema em 1989 sob a direção de Mary Lambert e agora num novo filme pelas mãos da dupla Kevin Kölsch e Dennis Widmyer.
