Quinta-feira, 9 Maio

Para o realizador Johan Renck, “Spaceman” é “um filme sobre desconexões”

O projeto protagonizado por Adam Sandler é um filme Netflix

Através de uma relação direta com a República Tcheca, na história e na produção, “Spaceman“, o novo veículo para a persona estelar de Adam Sandler, recebeu comparações com a obra literária de Franz Kafka (1883-1924) por parte da imprensa europeia, na sua estreia mundial, na Berlinale.

A analogia surge do clima claustrofóbico da narrativa, ambientada numa nave espacial (similar à prosa kafkiana de “O Processo“), e pela presença de um inseto gigante, como ocorre no romance mais famoso do escritor de Praga: “A Metamorfose” (1915). No livro, o bicho em questão é uma barata. No filme protagonizado pelo astro de sucessos comerciais como “Just Go With It” (2011), há uma aranha de grande escala e que filosofa. Mas o realizador da longa-metragem, o sueco John Renck (“Chernobyl”), nega ter-se pautado em referências específicas.

Não sou cinéfilo. Sou mais da literatura. Mas não gosto de partir de influências. Não gosto de construir filmes sobre os ombros dos outros“, disse Renck, no fim da lotada conferência de imprensa de Berlim. “O meu trabalho como realizador não é o de procurar inspirações. É ir onde ninguém esteve antes e construir o que não se viu antes“.

Baseado no romance “Spaceman of Bohemia”, de Jaroslav Kalfar, “Spaceman” (que no Brasil vai ter o título de “O Astronauta”) estreia no dia 1 de março no catálogo do serviço de streaming Netflix.

É um filme sobre desconexões“, disse Renck, enquanto Sandler divertia a plateia de jornalistas, em relação a uma pergunta do C7nema sobre a onipresente reposição de “50 First Dates” (2004) todos os dias nas televisões brasileiras. “Fico muito feliz em saber, mas deveria estar a receber cheques por essas exibições, não?“, brincou o astro.

No filme, Sandler interpreta o cosmonauta Jakub Procházka, oriundo de uma família de criadores de porcos da República Tcheca, que se transformou num herói para a Ciência no seu país. A meio de uma missão nas estrelas para estudar uma nuvem radioativa, entra numa espiral de crise pela culpa que sente por ter deixado a sua mulher, Lenka (Carey Mulligan), na Terra.

À sombra do isolamento, numa exasperante sensação de desterro, passa a ver uma criatura na sua nave, uma aranha gigante (com a voz de Paul Dano), que funciona como o Grilo Falante de Pinóquio: o aracnídeo dá a Jakub a medida moral das suas escolhas. “Tenho aversão de aranhas, mas a questão, na construção deste ser, era encontrar um balanço entre a repulsa e a sensibilidade“, disse Renck.

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