Quarta-feira, 8 Maio

No novo filme de Sofia Coppola, a Valentino veste Elvis e a Chanel veste Priscilla

Na cinebiografia que levanta o véu sobre a vida privada de Elvis e Priscilla Presley, o guarda-roupa é sinónimo de "identidade".

Se em 2023, casais como Cristiano Ronaldo e Georgina Rodríguez, Asap Rocky e Rihanna, Hailey Bieber e Justin Bieber, Beyoncé e Jay Z ditam modas, nos anos gloriosos do Rock, Priscilla e Elvis Presley ditavam o estilo.

Mesmo perante a distância que nos separa desta época todos temos presentes na memória as imagens do seu casamento. Em 1967, Priscilla usou um vestido branco enfeitado com pérolas, com um véu de tule de um metro de comprimento e Elvis, um smoking estampado em preto e personalizado.

Sofia Coppola é uma cineasta que gosta de detalhes. Seja nos cenários, seja nas bandas sonoras, seja nos figurinos com que abrilhanta os seus filmes. “Priscilla“, não é exceção. Uma oportunidade de ouro para a figurinista Stacey Battat.

Para recriar estes dois ícones norte-americanos, a investigação foi feita em revistas e outras referências da época. Apesar da própria Priscilla ser creditada como produtora executiva do filme, não interveio neste departamento do projeto.

Battat, que já trabalhou com Coppola em “Bling Ring” (2013) e “The Beguiled” (2017), estava sujeita às rígidas restrições orçamentais, típicas do cinema independente, bem como a um cronograma apertado de filmagens a realizar em apenas 30 dias. Nenhum recurso podia ser desperdiçado e por isso, ocasionalmente, peças de roupa foram partilhadas entre personagens e nesse contexto, as ligações de Coppola à indústria da moda foram aproveitadas ao máximo.

A Chanel desenhou e produziu a recriação do vestido de noiva de Priscilla [Coppola assume o cargo de embaixadora da marca francesa desde 2019, e até estagiou na casa de moda quando era adolescente em 1986]. Já muitas das peças usadas por Elvis vieram diretamente da Valentino – mais especificamente, as icónicas peças de malha, réplicas do suéter de malha com gola em funil que usou no filme “Jailhouse Rock”, de 1957 e que – até hoje – são vendidas pela marca.

As peças usadas pelo ator que interpreta a estrela do rock que foram desenhadas por Pierpaolo Piccioli, são totalmente feitas sob medida e cada uma delas é abrilhantada com uma etiqueta “Valentino for Jacob Elordi” costurada à mão.

Em “Priscilla”, Stacey Battat usou o guarda-roupa para transmitir detalhes. Para o casal de Graceland, as roupas eram sempre, intencionais e calculadas. Por exemplo, após o nascimento de Lisa Marie, em 1968, Priscilla cumprimentou os paparazzi como se fosse um membro da realeza e os macacões que Elvis usou no início da década de 1970 foram um movimento estratégico para capturar um novo público e restabelecer sua capacidade como artista.

Elvis influenciava Priscilla nas suas escolhas de indumentária, através de orientações subtis em que dizia que ela era pequena demais para usar estampas mas também lhe dava algumas exigências diretas: cabelo preto e muita maquilhagem nos olhos, por exemplo.

Subtilezas ou diretrizes que não passam despercebidas à técnica perfecionista da cineasta, pois os figurinos para Coppola são ferramentas que comunicam emoções. Em “Priscilla”, Elordi e Spaeny trabalharam diretamente com Battat para dar corpo aos elementos psicológicos que impulsionam a estética de cada personagem.

A cinebiografia “Priscilla” foi realizada e produzida por Sofia Coppola, que também escreveu o argumento, é inspirada no livro autobiográfico “Elvis and Me”, de 1985, de Priscilla Presley e Sandra Harmon. O filme conta a história de Priscilla Presley (interpretada por Cailee Spaeny) e o seu relacionamento com Elvis Presley (Jacob Elordi). O filme estreou no 80º Festival Internacional de Cinema de Veneza no passado dia 4 de setembro de 2023. A crítica do c7nema ao filme [assinada por Rodrigo Fonseca], aqui.

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