Tendo em conta que as personagens principais são caracterizadas como emoções humanas, é evidente que este Divertida-Mente aposta num conteúdo mais emocional e, nesse sentido, Peter Docter (o mesmo realizador de Up) cria um verdadeiro comboio de sentimentos onde sobretudo apresenta uma compaixão e empatia pelas suas personagens e pelo espectador.
Sim, a Pixar consegue regressar à sua velha forma, à aposta em conceitos irreverentes moldados em formulas clássicas e conservadoras que a animação familiar possui no cinema. É que depois das constantes “quedas” desde Brave – Indomável, o estúdio do “candeeiro saltitante” proporciona novamente personagens cativantes rodeadas por um elaborado humor slapstick, alternado com insinuações ou referências mais adultas (existe uma subtil sugestão sexual de Riley tendo em conta o género de personagens que “comandam” a sua mente).
A fantasia livre que se encontra dentro da mente de Riley pode variar entre o fértil e a pura preguiça disfarçada (este desequilíbrio foi também um dos problemas do anterior Up), mas no conjunto resulta como um prolongado simbolismo do cérebro humano. Mas voltando ao ponto inicial, é nas emoções que Divertida-Mente revela-se poderoso, um choque nada contido que poderá causar no espectador as mais variadas sensações.
No final, são poucos aqueles que não deixam ser dominados pela Alegria e ao mesmo tempo pela Tristeza. Um sorriso estampado nas nossas faces, consolidando com a triste beleza da derrota. A nossa derrota para com o tempo, onde as nossas preciosas memórias se desvanecem no horizonte longínquo da nossa mente. Como é tão raro encontrar um animação que nos faça sentir … simplesmente mortais.