Quinta-feira, 28 Março

Será que «Firefly» vai voltar?

 

Em declarações recentes, o presidente da FOX, David Madden, disse que estava totalmente aberto a dar “luz verde” a um reavivar da série Firefly, um projeto televisivo de Joss Whedon que se cingiu a uma temporada de 14 episódios. (posteriormente fez-se uma adaptação ao cinema na forma do filme Serenity).

Segundo Madden, a base de fãs da série é grande e o elenco provavelmente estaria disposto a repetir os seus papéis, com exceção de Ron Glass, o enigmático Pastor Book, que faleceu em novembro passado. Porém, existe uma condição para que a Fox dê “luz verde”: Joss Whedon tem de estar novamente à frente do projeto.

A questão é se Whedon, que entretanto tem dado nas vistas no cinema, realizando dois filmes Os Vingadores, entre outros projetos pessoais, estaria interessado em assumir novamente o projeto. E claro, estariam os atores – muitos deles a trabalhar em outras séries atualmente – disponíveis?


O elenco de Firefly

Vale a pena lembrar que há anos que se fala de um ressuscitar da série. Em 2011, Nathan Fillion (O Capitão Malcolm Reynolds na série) brincou nas redes sociais, afirmando que compraria os direitos de Firefly e filmaria novos episódios se ganhasse a loteria. Um grupo de fãs levou o desabafo de Fillion a sério e de forma independente começou uma angariação de fundos. Cerca de cem mil fãs responderam “à chamada”, mas essa campanha viria mais tarde a ser interrompida porque elementos ligados a Whedon, nomeadamente a sua cunhada (que coescreveu projetos como Dollhouse e Doctor Horrible’s Sing-Along Blog), vieram a público distanciar-se da mesma, apelando a todos os participantes que fizessem o mesmo.

Já em 2013, numa conversa com Steve Tilley do Toronto Sun, Whedon fez uma reflexão sobre a série de televisão de ficção científica que foi cancelada precocemente: “Eu nunca vou aceitá-lo [o cancelamento]. Eu sempre, na minha cabeça, penso: ‘E se eu pudesse juntar novamente o mesmo grupo [para refazer a série]?'”. Numa outra entrevista, ao ComingSoon, no mesmo ano, Whedon foi mais pragmático e disse que nesse momento, aquele género de projetos não lhe interessavam: «Estou mortinho por embarcar novamente com este grupo, mas neste momento estou a fazer outro filme com um elenco vastíssimo [Vingadores: A Era de Ultron]. Porque não posso fazer um filme apenas sobre uma pessoa? Por isso, neste momento, nem consigo pensar nisso. Se todos os planetas se alinharem seria ótimo, mas não vou fazer o que fiz da primeira vez: mover o céu e a terra para que isso aconteça».

Finalmente, em 2015, surgiram relatos que a Netflix – no auge de recuperar/continuar algumas séries canceladas por outras cadeias de televisão – iria comprar os direitos de Firefly, mas tudo não passou de um boato.

Como tal, as palavras de David Madden podem ser vistas como otimistas, e até podem ter como fundamento o facto da FOX estar a pegar novamente em séries que tinham sido canceladas, como Prison Break.

Mas será que os planetas (Os atores, o criador, e a cadeia de TV) vão mesmo se alinhar para carimbar o regresso de Firefly? E será que Joss Whedon quer novamente a FOX envolvida no projeto?

Como a Fox “estragou” Firefly e Joss Whedon perdeu a cabeça


Eu nunca o vi tão zangado“, descreve o ator Adam Baldwin no livro Joss Whedon: The Biography, assinado por Amy Pascale. Em causa esta o cancelamento de Firefly: “Ele olhou para mim e disse ‘eu não tenho boas notícias. Eles roeram a corda e este é o último episódio. Eu quero que vocês todos saibam disto imediatamente”.

Este cancelamento deu muito que falar e criou alguma fricção entre Whedon e a Fox. Ainda antes de a série ter sido filmada, já existiam problemas. Os responsáveis da cadeia de TV não acharam nenhuma piada ao facto de Zoe (Gina Torres), a 2ª na linha de comando da nave, estivesse casada com o piloto Wash (Alan Tudyk), preferindo antes um romance entre ela e o capitão Malcolm Reynold (Nathon Fillion). Whedon manteve-se firme na sua ideia e conseguiu que a série fosse aprovada – embora sentisse constantemente a pressão para que toda a produção fosse menos “negra”  e que tivesse mais tiros e ação.

Logo depois, chegou a hora da FOX posicionar a série na sua grelha. A opção foi desastrosa. A estação colocou Firefly na chamada “hora morta de sexta-feira à noite” (“Friday night death slot”). Para piorar, a Fox ainda passou os episódios fora da sua ordem e teve uma estratégia de marketing completamente errada, vendendo o “produto” ao telespectadores como uma comédia alucinada, e não como um western espacial ou uma série de ficção cientifica. O resultado final foi o que se viu e os próprios responsáveis da FOX assumem os erros – que levaram mesmo a mentora de Whedon, a professora de cinema Jeanine Basinger, a dizer, via a blogger Nikki Stafford: “[Firefly] foi o maior desastre da TV, e se ela pudesse “mataria” todos os executivos da FOX que trabalharam nela».

 

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