Quinta-feira, 28 Março

Wenders, Fox Mulder e sucesso na Berlinale: um furacão sacode a Áustria nas artes

No bloco de sete mulheres realizadoras no páreo pelo Urso de Ouro de 2019, entre 16 filmes em concurso, há uma representante da Áustria, vinda de Graz, Marie Kreutzer, que nos deu um dos mais comoventes retratos sobre fraternidade deste Festival de Berlim número 69: The ground beneath my feet.

A indústria germânica aposta pesado no seu sucesso, calcado no teor emotivo da saga de uma consultora de 30 anos (Valerie Pachner) para ajudar a irmã a sair de um colapso nervoso, marcado por tentativas de suicídio, enquanto repagina a sua própria vida afetiva. A relação apaixonada com uma colega de trabalho é sua paz. O filme tem fortes chances de levar o prémio Teddy, o troféu LGBTQ da Berlinale, e o prémio de melhor atriz, em favor da belíssima composição de Valerie. Há uma sequência belíssima na qual as irmãs tentam um congraçamento a partir de uma brincadeira com a pronúncia errada da palavra “laranja”. O apelo do filme de Marie levou o C7nema a terras austríacas, onde uma série de eventos paralelos à indústria cinematográfica agitam a cidade.

Um deles é o show de David Duchovny, o eterno Fox Mulder, que veio provar que “a verdade está lá fora“, do interior da Arena Wiener. O astro de  X-Files veio cantar os hits de seu CD Every third thought num espetáculo que vai apresentar no sábado na Berlinale.

Em outra latitude, a das artes visuais, o estado de coisas de Viena volta-se para Wim Wenders. Uma das mais respeitadas cinematecas de toda a Europa, o Film Archiv Austria anda lotada, desde 11 de janeiro, de fãs de Wenders, secos por rever a sua trajetória como fotógrafo, entre 1960 e ’80. Fotos como Mailboxes, Montana 1977 e Kids in Butte, Montana 1978 fazem parte da retrospetiva. Também há filmes em exibição na cinemateca austríaca. Mas as atenções do público concentram-se sobre seu trabalho mais recente: “Papa Francisco, um homem de palavra”, documemtário sobre o atual pontífice do Vaticano e a sua luta para quebrar os tabus cristãos. “É importante vermos os feitos de alguém que pensa no bem social”, disse Wenders na estreia mundial da longa metragem, em Cannes.

De volta à Berlinale, o festival testemunha a consagração do filme italiano Piranhas (La paranza dei bambini), de Claudio Giovannesi, sobre um grupo de adolescentes ao serviço da máfia. Espera-se algum troféu para o realizador.

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