Terça-feira, 19 Março

Cannes: De “O Padrinho” a “Cidade de Deus”, as inspirações do realizador de “Black Panther”

Numa conversa no Festival de Cannes com o radialista e crítico Elvis Mitchell, o cineasta Ryan Coogler reconheceu que O Padrinho de Francis Ford Coppola foi uma das principais inspirações para o seu trabalho em Black Panther, filme de super-heróis da Marvel que já vai nos 1,3 mil milhões de dólares arrecadados em todo o mundo.

Coogler, que desde criança seguia as aventuras de T’Challa, disse que considera Black Panther como “um tipo de filme de crime“, particularmente pela sua trama colocar um bando de ladrões a tentar roubar o Vibranium do reino africano de Wakanda. A relação pai-filho – de passar a tocha para outra geração – é outra das influências do filme, reconhecendo o cineasta que teve medo das eventuais comparações ao seu trabalho e ao de Coppola, porque temia que os espectadores e a crítica achassem que estaria a pensar muito alto.

Entre outros filmes que Coogler viu que o inspiraram a sua cultura cinéfila, contam-se Boyz N the Hood (A Malta do Bairro), Malcolm X, Cidade de Deus, Y Tu Mama Tambien, Ódio, Oslo, 31 de Agosto, Um Profeta e a série da BBC Planet Earth, a qual deu-lhe luzes geográficas sobre África. Coogler citou ainda Casino Royale, da saga James Bond, como uma grande influência sobre ele como cineasta em geral, admitindo que é o seu filme favorito da franquia 007.

Mas apesar de existirem claramente influências cinematográficas, a experiência de vida do realizador de filmes como Fruitvale Station e Creed foi talvez o maior complemento. Recordando a infância em Oakland, Coogler lembra-se de como se fartava de ler bandas-desenhadas que eram apenas sobre brancos e onde os negros estavam lá como meros complementos: “O tráfico de escravos representou uma espécie de morte para nós, a morte de quem éramos. Quem somos agora nasceu quando acorrentaram os nossos ancestrais.

Ainda sobre a sua cidade, o realizador declarou que nunca imaginou viver até aos 30 anos, já que estava numa das cidades mais violentas dos Estados Unidos, local onde “a morte está permanentemente à sua volta“: “Quando completei 30 anos, quase tive uma crise pois nunca imaginei que chegaria aí. 25 anos é um número mágico. Nessa idade, ou morres ou estás na prisão“, concluiu o norte-americano de 32 anos.

África

Um dos momentos mais importantes da vida de Coogler foi a sua primeira viagem à África como preparação para Black Panther: “Fui pela primeira vez para a África do Sul e o Lesoto – que me inspirou a Wakanda- e, finalmente, para o Quénia, onde fiquei hospedado com a família da Lupita Nyong’o. Esta viagem mudou minha visão. Senti-me ligado a todo um continente “.

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