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Lucrecia Martel: “a Netflix serve para salvar casamentos”

Numa entrevista à brasileira Trip [1], a cineasta argentina Lucrecia Martel – realizadora de O Pântano; A Rapariga Santa; A Mulher sem Cabeça; e Zama – afirmou, em jeito de brincadeira, que a Netflix serve para salvar casamentos, pois não fossem as séries “as pessoas teriam que conversar e perceberiam que a sua vida sexual está ruim“, que não estão a ter sexo suficiente.

Descrevendo a plataforma de Streaming como alguém que quer fazer dinheiro, Martel afirmou ainda que os produtores só fazem trabalhos que agradem a empresa e que, por exemplo, certamente estas empresas nunca fariam uma série “sobre o crime da Marielle Franco (…) Ou sobre a revolta do movimento negro” porque ninguém ia colocar dinheiro nisso.

Recorde-se que Martel, que faz parte dos Heróis Independentes da próxima edição do IndieLisboa, disse recentemente numa entrevista ao El Pais que as séries de TV são um retrocesso, apontando o dedo ao chamado entretenimento, que segundo ela tornou-se o “fim absoluto”:  “As pessoas não dão conta que as séries são um retrocesso. A televisão melhorou, é verdade. Basta comparar Dallas com Breaking Bad, mas em termos narrativos de imagem e som, até o que já tinha sido alcançado em documentários e certos filmes era melhor do que estão a fazer com as séries, que são novamente o argumento, uma estrutura mecânica do século XIX, por melhor que esteja feita. As séries devolveram-nos as novelas do século XIX. Isto é fruto do momento conservador que estamos a viver. Arrisca-se menos“, afirmou a cineasta.