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A obsessão da outra Polanski

Depois de uma curta-metragem em 2016 onde a obsessão era tema, Morgane Polanski – mais conhecida pela sua presença na série Vikings – regressa com La Caresse (A Carícia), outro retrato obstinado, desta vez sobre um obsessivo-compulsivo (Edvin Endre, de Vikings) cuja vida de ordem e esterilidade absoluta é perturbada quando o gato preto dos vizinhos se senta ao pé da janela da sua casa.

Com cores interiores frias, exteriores quentes, um design de produção que parece saído do catálogo de uma loja de mobiliário, um uso aos limites das simetrias e assimetrias, uma banda-sonora que que comanda os eventos, e o retrato compulsivo de uma personagem gélida que aplica as suas rotinas de forma robótica, A Carícia deixa para o fim uma mensagem de mudança e um quebrar de regras que transmite finalmente humanidade, mas também o reconhecimento que a falha pode trazer um reconforto para alguém mecanizado – seja um indivíduo, seja uma sociedade.

A curta deixa também a amostra de uma realizadora que – passo a passo – vai pontuando o seu savoir fare, com a obsessão a ser um tema recorrente no seu labor (pode ser esta a sua primeira marca de autor), isto num projeto que tanto saqueia no tom e tema a Roman Polanski, como na estética aprumada e personagens disfuncionais a Wes Anderson. E tudo com a produção executiva do “agora caído em desgraça” Brett Ratner.

 

Banda Sonora

Com a ausência de diálogos, a banda-sonora torna-se vital para acompanhar a palete de cores contrastante, os estados e o clima de tensão da personagem no seu imenso e imaculado ritual diário.

Assim, vamos passando por ações mecanizadas com o acompanhamento de composições de Krzysztof Penderecki, Richard Georg Strauss, Edvard Grieg e George Frideric Handel, como que viajando entre espaços e situações de conflito, o dentro e o fora de casa, o puro e o contaminado, o costumeiro e o imprevisto.

 

E agora, nova obsessão?

A filha de Roman Polanski e Emmanuelle Seigner está já a preparar uma nova curta-metragem, em parceria com Serena Jennings, com quem criou a produtora Stroke.

É um thriller psicológico com o tema da obsessão novamente em destaque, mas apresentado com outro prisma e forma.

 

Podem ver a curta-metragem na:

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