Terça-feira, 19 Março

Começando uma agradável aventura: “Benzinho” agrada crítica internacional em Sundance

O Screen Daily usa a expressão “audience-pleaser” para Benzinho: a expressão podia estabelecer-se como epíteto natural pare (quase) toda a produção cinematográfica brasileira – mesmo quando esta se propõe aos mais áridos exercícios autorais.

Oito anos depois de Riscado, um dos grandes momentos do cinema do país em anos recentes, Gustavo Pizzi parece ter acertado outra vez com Benzinho (Loveling no título internacional). O filme foi escolhido para abrir a Competição Internacional do Festival de Sundance e foi globalmente bem recebido pela crítica americana.

O Screen Daily começa por destacar o que designa como uma “tradição” sul-americana de trazer fortes protagonistas femininas – citando o Brasil como o maior exemplo e relembrando os casos de Central do Brasil ou Aquarius.

Tal como em Riscado, é novamente Karine Telles a protagonista, aqui a viver a mãe de uma família algo caótica e que parece que vai se desestruturar de vez quando o filho mais velho, de 16 anos, recebe uma proposta para jogar handebol na Alemanha. Eles vivem numa casa que está quase a ruir (uma metáfora “não muito sutil”, segundo o Daily), que alberga ainda a irmã (Adriana Esteves) da personagem principal.

Segundo Pizzi explicou ao portal Omelete, trata-se de “uma familia de classe média baixa que luta diariamente para ter uma vida digna, apesar de todas as difiiculdades. As oportunidades não são iguais para todos, mas mesmo assim a grande maioria dá um jeito de seguir com suas vidas.“.

Uma agradável jornada

Ao que parece a escolha para abrir a Competição Internacional de Sundance também se prende pela incontornável característica do cinema brasileiro em ser agradável para qualquer audiência. Segundo o “site”, trata-se de um filme certamente destinado à uma “saudável jornada pelo circuito de festivais e lançamento em sala nos mercados de língua portuguesa“.

Já a Variety disse que “algumas pessoas vão ao cinema em busca de autenticidade, outras de escapismo”, para iniciar um tipo de análise, muito típica da crítica americana, da relação possível do filme com o grande público. Neste caso, interessa a conclusão: apesar de buscar claramente o realismo ao retratar calorosoamente pequenos dramas do quotidiano que podem não interessar espectadores à procura de diversão, o filme alberga em si uma “poesia profunda” e “uma real beleza nos momentos que Pizzi resolveu partilhar“.

Globalmente, Karine Teles, também coautora do argumento, é elogiada como a força-motriz do empreendimento. Benzinho segue a sua carreira no Festival de Roterdão, que se inicia no próximo dia 24 de janeiro. O filme já foi comprado internacionalmente pela New Europe Film Sales. Do Brasil, na Competição Internacional de Sundance, ainda aguarda-se por outro projeto promissor – Ferrugem, de Aly Muritiba.

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