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Morreu Jean Rochefort, o primeiro Quixote de Terry Gilliam

Morreu aos 87 anos o ator francês Jean Rochefort, conhecido por filmes como Desencontro (1972), O Ridículo (1996) e O Homem do Comboio (2002).

Nascido a 29 de abril de 1930, em Paris, Rochefort tornou-se desde a década de 1950 numa das figuras mais populares no Cinema francês, tendo o seu primeiro papel em Rencontre em Paris em 1956. Filmes históricos e de aventura marcaram o seu curriculum, com trabalhos como O Capitão Sem Medo (1961)Máscara de Ferro (1962)Angélica, Marquesa dos Anjos (1964) [e as suas sequelas] e As Atribulações dum Chinês na China (1965)

Com a chegada da década de 70, Rochefort torna-se num habitual ator de comédias de requinte, requisitado por alguns dos mais excêntricos e criativos realizadores da época, tais como Yves Robert, no qual contracenou com Mireille Darc em O Louro do Sapato Preto (1972), Luis Buñuel (O Fantasma da Liberdade, 1974) e Ettore Scola em Os Feios, Porcos e Maus (1976). É consagrado com um César de Melhor Ator Secundário por O Relojoeiro (Bertrand Tavernier, 1974) e três anos mais tarde, com o de Melhor Ator, graças ao drama bélico Le Crabe-Tambour, de Pierre Schoendoerffer. Como habitualmente aconteceu com muitos atores da sua geração, a televisão obteve um papel importante na sua carreira no final dos anos 80 e 90. Contudo, filmes como O Ridículo (Patrice Leconte, 1996), com as honras de abrir a edição de Cannes desse ano, garantia-lhe lugar no grande ecrã.

Na entrada do novo século, Rochefort manteve-se ativo e recolheu alguns êxitos e experiências com realizadores influentes do nosso tempo. O regresso às ordens de Patrice Leconte originou um dos filmes mais relevantes da sua carreira, O Homem do Comboio (2002). Trabalhou com Danis Tanovic em 2005 em Inferno, deu voz a Jolly Jumper, o cavalo de Lucky Luke, na adaptação dos Irmãos Dalton (2004), entrou nos sucessos Não Digas a Ninguém (2006), Mr. Bean em Férias (2007) e Astérix & Obélix: Ao Serviço de Sua Majestade (2012). A destacar ainda El Artista Y la Modelo (Fernando Truba, 2012) e as animações Jack et la mécanique du coeur (Stéphane Berla e Mathias Malzieu, 2013) e Abril e o Mundo Extraordinário (Christian Desmares e Franck Ekinci, 2015).

Terry Gilliam, que tinha o ator como protagonista na sua primeira tentativa falhada de  filmar Dom Quixote,  já manifestou no Facebook o seu pesar: “Estou chocado ao saber da morte de Jean Rochefort quando estamos a terminar a edição do The Man Who Killed Don Quixote. Ele foi o primeiro e derradeiramente o icónico Dom Quixote, na minha longa jornada com este filme. Ele era um grande ator, brilhante, bravo, elegante, corajoso e determinado a continuar as filmagens apesar de uma severa dor física. (…)  Quando o vi há uns anos atrás, parecia estar a rejuvenescer, e não a envelhecer. Imaginei que, como Quixote, ele conseguiria viver para sempre. O facto dele partir é incrivelmente triste. Adeus, Jean”.