Sexta-feira, 29 Março

Morreu Magali Noël (1932-2015)

Magali Noël, a atriz e cantora que interpretou a tão cobiçada Gradisca do memorável filme de Federico Fellini, Amarcord, morreu esta terça-feira, dia 23 de Junho, em Châteauneuf-Grasse, na Riviera francesa. Estava a somente dias de completar os 84 anos.

Nascida a 27 de junho de 1932, na região de Esmirna, Turquia, Magali Françoise Noëlle Camille Guiffray, filha de pais franceses, interessou-se muito cedo pelas artes dramáticas, tendo aos 17 anos frequentado o respectivo curso de Catherine Fontenay enquanto trabalhava num cabaret na França. Iniciou a sua carreira no teatro até chegar ao cinema com Demains Nous Divorçons (1951), de Louis Cuny. Aqui, Magali Noël tinha somente 19 anos. Ela interpretou uma jovem provocadora e atrevida, aquele que seria uma antevisão para a aura sexual de qual a atriz sempre havia sido caracterizada, em Rififi (1955), de Louis Dassin, no qual desempenha uma cantora de cabaret. Segundo consta, Dassin desejava dobrar a atriz durante o tema do filme (que no guião seria cantada pela própria personagem), mas rapidamente mudou de ideias após ter escutado Noël a cantar no camarim.

A prestação em Rififi impressionou muitos, incluindo o escritor e músico Boris Vian que a convidou para interpretar o controverso tema Johnny Fais-moi Mal. Tido como uma das primeiras músicas rocks cantadas em francês, a sua letra ousada e sugestiva fez que a sua transmissão nas rádios, em 1956, fosse expressamente proibida, mas nada que impedisse o inicio de uma longa colaboração com Boris Vian.

Depois seguiram-se filmes como A Helena e os Homens (1956), Assassins et Voleurs (1957) e Le Désir mène les Hommes (1958), até chegar a conhecer o cineasta italiano Federico Fellini. Instalou-se então uma colaboração que muda para sempre a carreira da atriz, começando com La Dolce Vita (1960), onde desempenha a dançarina Fanny, e prolongado-se por Satyricon (1969) e Amarcord (1973), no qual Gradisca é vista como o seu papel mais memorável.

Entretanto, os palcos continuavam a ser motivo de reencontro e a televisão um novo espaço a ser conquistado. No cinema ainda trabalhou com realizadores de renome como Costa-Gavras (Z – A Orgia do Poder), Chantal Akerman (Os Encontros de Anna), Élie Chouraki (O Que Faz Correr David?), Andrzej Zulawski (A Fidelidade), e Jonathan Demme (A Verdade Sobre Charlie), o qual foi o seu último trabalho registado.

Notícias