Quinta-feira, 28 Março

António-Pedro Vasconcelos revoltado: “Há 12 ou 13 anos que não deixam António Cunha Telles filmar”


Foto por Academia Portuguesa de Cinema

Parque Mayer era o mais nomeado aos Prémios Sophia, com quinze indicações, mas acabaria por levar apenas quatro estatuetas para casa, entre elas a de melhor realizador.

No seu discurso de aceitação, António-Pedro Vasconcelos agradeceu a várias personalidades, como Paulo Trancoso, que lutou pelo nascimento da Academia de Cinema, mesmo com o ceticismo revelado pelo próprio Vasconcelos. Tiago Santos (Argumentista), Miguel Raposo (Assistente de Realização) e Diogo Morgado, o único dos atores principais do seu filme que não foi nomeado pela Academia, foram também mencionados pelo cineasta.


Foto por Academia Portuguesa de Cinema

Mas as palavras de maior carinho e reconhecimento por parte de António-Pedro Vasconcelos estavam destinadas a António Cunha Telles: “Gostaria de dedicar este prémio a um grande senhor sem o qual o Cinema Português nunca tinha existido, e que está por trás de tudo o que se fez em Portugal e de tudo o que não se fez, mas que tentou fazer. Um grande senhor chamado António da Cunha Teles. (..) Vocês não acreditam, vocês podem não acreditar, mas tudo o que se fez em Portugal [em termos de cinema] deve-se a este senhor. E também a muito do que não se fez, pois não o deixaram fazer, como produtor, realizador, homem de ideias, inclusivamente à frente do ICA – foi o melhor diretor do IPC (Instituto Português do Cinema). Há 12 ou 13 anos que não o deixam filmar. Revolta-me. Não posso fazer nada a não ser dar-lhe o meu apoio, mas revolta-me. Tal como me revolta que os mais jovens, os mais talentosos não conseguem filmar.”

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António Cunha Telles

Já anteriormente, o cineasta tinha falado de Cunha Telles ao C7nema, numa entrevista histórica que vale a pena recordar.

António-Pedro Vasconcelos terminou o seu discurso com um apelo à classe, sobretudo aos mais jovens, para que “lutem, batam-se e protestem. Exijam que haja mais meios e outras políticas para o Cinema Português. Senão, perdem-se talentos. E há muita gente que é obrigada a filmar em condições completamente terríveis.

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