Sexta-feira, 29 Março

Sucesso de “120 Batimentos por Minuto” leva a crise na Act Up

O sucesso do filme 120 Batimentos por Minuto, vencedor dos principais prémio do Cinema Francês no passado mês de março, levou a uma crise na Act Up-Paris, associação de luta contra a Sida cujos primórdios é retratada na obra.

No passado fim de semana, a atual direção do grupo demitiu-se em bloco numa assembleia geral invadida por “um ambiente de violência rara“, diz o Libération.

Para Rémy Hamai, ex-presidente da Act Up, o filme levou a uma enxurrada de “novos jovens militantes politizados e experientes em outras lutas, incluindo o anti-racismo“. Até recentemente, a organização funcionava de uma forma limitada, sobrevivendo com algumas dezenas de ativistas. Após o filme, as suas reuniões semanais voltaram à moda com 40, 50 e até 70 pessoas a aparecerem. “Alguns vieram e depois desapareceram. Outros tinham objetivos claros, mas não os diziam realmente“, diz Hamai, explicando que as últimas reuniões “não passaram de manifestações de gritos violentos“, havendo claramente um núcleo que queria ampliar a luta do grupo para as leis políticas, alargando demasiado o espectro para outros problemas – como o racismo – mas afastando-se da luta original, contra a Sida. “Para eles, a luta contra a Sida não é mais a prioridade”, queixa-se. Hamai fala ainda em “sequestro” e “exploração da ferramenta Act Up, usando a sua história, para apresentar outras lutas“. Nós tivemos trocas de palavras vazias. Eles querem politizar a luta contra a Sida e não falar sobre a vida das pessoas que vivem com o HIV“.

Já a nova direção – na qual dois dos membros fazem parte do grupo apenas há 3 semanas – defende-se em comunicado, falando na “transversalidade da luta contra a doença“. “A epidemia é uma epidemia política, todas as leis que favorecem a precariedade favorecem as contaminações“, diz a nova liderança, que reserva o direito de “tomar medidas legais” contra os antigos membros.

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