Sexta-feira, 19 Abril

Será a próxima cerimónia dos Oscars® a mais política desde o Macartismo?

 
A presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS), Cheryl Boone Isaacs, pediu para que todos os membros da instituição “se levantem” e se insurjam perante a situação política e social que atualmente se vive nos EUA. O apelo foi feito na segunda-feira passada, durante o tradicional almoço com os nomeados aos Oscars.
 
A Academia reagiu veementemente contra a ordem executiva do Presidente Donald Trump em suspender os vistos a qualquer pessoa proveniente de sete países muçulmanos (Irão, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iémen). Essa medida – entretanto contrariada por um Juiz – iria mesmo impedir o realizador iraniano de O Vendedor (nomeado ao Óscar de Melhor Filme de Língua Estrangeira), Asghar Farhadi, e a sua respetiva equipa, de comparecerem na cerimónia de entrega, a decorrer no próximo dia 26 de fevereiro. A presença dos protagonistas do documentário The White Helmets, sobre os voluntários que resgatam vítimas da guerra na Siria, está também em risco.
 
Todos nós temos conhecimento das cadeiras vazias presentes nesta sala, as quais transformaram membros da academia em ativistas“, discursou Boone Isaacs, prosseguindo: “Existe uma resistência global pela liberdade artística que parece cada vez mais urgente hoje do que em qualquer período desde a década de 1950 [referência ao Macartismo]. A arte não tem fronteiras e não pertence a uma única fé. O poder da arte transcende todas estas coisas. Sociedades fortes não censuram a arte. Eles celebram-na (…) A América não devia ser uma barreira, mas um farol” para essas pessoas.
 

Cheryl Boone Isaacs
 
Numa sala repleta com alguns dos nomes mais sonantes da indústria atual, como Ryan Gosling, Denzel Washington, Nicole Kidman, Matt Damon, Emma Stone, Justin Timberlake, Viola Davis e Octavia Spencer, Boone Isaacs urgiu para que todos se levantem “contra aqueles que tentam limitar a liberdade de expressão” e que todos defendam o princípio que todos os artistas em todo o mundo têm de estar ligados “por esse vínculo inquebrável mais poderoso e permanente do que a nacionalidade e a política“.
 
A presidente da AMPAS observou ainda que muitos dos filmes homenageados pela academia abordam a mudança social e os erros da sociedade, os quais vão desde “intolerância religiosa” ao “racismo” e ao “sexismo“.
 
Quando trazemos para a tela histórias de todo o mundo, tornamos-nos agentes de mudança“, concluiu.

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