Sexta-feira, 19 Abril

«9. april» por Jorge Pereira

A 9 de abril de 1940 as tropas alemãs invadem a Dinamarca, não tanto pelo pelo poder ou ameaça do país em si, mas como ponto estratégico que lhes dava acesso à Noruega (e às suas águas) e à Finlândia. Este é o ponto de partida do mais recente filme de Roni Ezra, mais uma obra que acompanha uma tendência particular desde o final dos anos 90 nos países nórdicos em contar as suas experiências da 2ª Grande Guerra Mundial. Max Manus (2008), Flame & Citron – Os Resistentes (2008), Into the White (2012) e Hvidsten gruppen (2012) são apenas quatro exemplos recentes e locais desse foco no conflito.

Em 9. april acompanhamos a reação de um grupo de soldados dinamarqueses pouco preparados que são enviados para a zona fronteiriça do país para retardar o avanço alemão, pelo menos até que os reforços vindo do norte cheguem. Porém, e sabendo um pouco sobre a história da 2ª Guerra Mundial, sabemos perfeitamente o desenlace. Sendo assim, o mais importante por aqui seria entender como se comportaram as personagens e se desenrolam os eventos, e quão interessantes estes seriam de relatar.

Apesar de ter o argumento de Tobias Lindholm – responsável por obras poderosas na apresentação das suas personagens sempre cativas (A Caça; A Hijacking) – é de estranhar que este 9. april seja acima de tudo uma espécie de recriação pouco arrojada em forma de homenagem, sendo ainda mais despliciente o tratamento pouco conseguido e intimo dado a personagens na eminência de serem mortas ou aprisionadas. O facto de o filme se agarrar demasiado a relatos dos próprios soldados, alguns dos quais aparecem em depoimentos reais um pouco antes dos créditos finais, deixa pouco espaço de manobra para o guionista, provavelmente pressionado para não se exceder em ficções que bem podiam aumentar o dramatismo e o interesse. A única exceção é a personagem interpretada por Pilou Asbæk (A Hijacking), que tantas vezes nos faz lembrar Michael Shannon.

O resultado final é assim um filme morno, obviamente com interesse histórico em particular para o território alvo (a Dinamarca), mas comparado com outros exemplos recentes de obras traumáticas sobre a maior tragédia que se abateu sobre a Europa no século passado, 9. april nunca deslumbra ou se revela particularmente importante a nível cinematográfico, podendo perfeitamente passar por apenas e só um telefilme.

O Melhor: Interesse histórico para aqueles que não sabem muito sobre o papel da Dinamarca na 2ª Guerra Mundial
O Pior: Filme morno que nunca deslumbra nem prende pelas personagens ou eventos.


Jorge Pereira

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