Quarta-feira, 24 Abril

«Zero Motivation» por Jorge Pereira

Humor e situações absurdas são o que não faltam em Zero Motivation, filme isrealita que marcou a estreia na realização de longas metragens de Talya Lavie, cineasta que se inspirou no seu próprio serviço militar e que foi a grande vencedora do último Festival de Tribeca.

Centrando-se num grupo de mulheres soldado entediadas que trabalham em cargos administrativos e burocráticos numa base israelita remota no deserto, Zero Motivation é um triunfo do início ao fim ao mostrar a frustração dos sonhos e ambições de uma geração com obrigações com o seu país.

Desde sonhos de viver numa cidade grande como Telavive, até progredir na carreira militar na sua condição de mulher, passando pela perda da virgindade e estar perto do namorado, Zero Motivation trata de tudo, nunca dando muita importância a si mesmo como um filme demasiado sério e afastando assim a necessidade de ser completamente objetivo na matéria.

Por outro lado, o pano de fundo do filme (militar) podia facilmente ser substituído por uma escola, ou qualquer local de trabalho onde sistematicamente os trabalhadores tem de lidar com previsibilidade, as falsas esperanças, as traições e os testes à amizade. Nisto sobressaem principalmente as protagonistas, que vão mudando o tom das atuações ao sabor de um enredo que apesar de sempre se definir como uma comédia morna com alguns tiques negros, que fazem lembrar alguns filmes de Eran Kolirin (A Visita da Banda), Eran Riklis (A Viagem do Diretor) e Robert Altman (MASH), tem os seus momentos de tensão e drama que o elevam para outra dimensão.

Uma boa primeira obra de uma cineasta que definitivamente teremos de seguir

O Melhor: É divertido sem nunca deixar de tocar em assuntos importantes
O Pior: Por vezes arrasta-se em demasia em alguns momentos


Jorge Pereira

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