Kwon é uma professora de línguas residente de Seul, Coreia do Sul, que recebe um envelope em seu nome com todas as cartas escritas pelo seu admirador, Mori, um japonês que se havia declarado a ela há dois anos atrás e que recentemente se lançou em sua busca. Ao ler a primeira de muitas cartas, Kwon tropeça numas escadas e deixa acidentalmente cair todo o amontoado de papéis. Ao tentar reuni-las do chão, Kwon não consegue distinguir a sua respectiva ordem mas mesmo assim começa a leitura das mesmas, numa busca fragmentada do amante e pelo seu amor.

O conceituado Hong Sangsoo regressa ao seu modus operandis para mais um enésimo filme, em que “cose” os mesmos enredos e lugares comuns da sua cinematografia. Felizmente, a “coisa” correu melhor que o inarrável, mas mesmo assim admirado, In Another Country (Noutro País), em que a atriz francesa,Isabelle Hupert envolvia-se em equívocos a nível cultural e linguísticos numa cidade costeira da Coreia do Sul. Neste caso, Sang Soo consegue despertar um engenho narrativo credível e mais feliz, alicerçado por um humor mais afinado e astuto. E até poderíamos resumir que este Hill of Freedom é uma das suas melhores obras em anos, mas vamos ser claros: é penoso acompanhar um chamado “cineasta” a resumir-se a modelos formatados daquilo que ele próprio chama do “seu cinema”.

A (sua) técnica atrás das câmaras continua a evidenciar presunção e pouco talento, zooms de difícil identificação, um mau enquadramento nos planos que desafia o académico e uma concretização fílmica sem qualquer tipo de identidade, nem dinamismo para a narrativa

Talvez o que de mais aborrecido tem todo este fenómeno chamado Hong Sangsoo é facto do seu nome e estatuto de autor ser desculpar a sua falta de profissionalismo e se assumisse uma posição de: “sou autor, faço o que quero e filmo da maneira que pretendo, sem represálias”.

O final de Hill of Freedom confirma essa atitude, com o dito a usar mais uma vez o onírico como justificação para a produção dos seus “épicos autorais”. Hong Sangsoo esteve quase lá … repito … quase!