Terça-feira, 23 Abril

«War is a Tender Thing» por João Miranda

Em War is a Tender Thing, Adjani Arumpac mostra-nos, a partir da relação dos seus pais, a história de um conflito com dezenas de anos que afecta uma das ilhas das Filipinas, Mindanao. Ele muçulmano, ela católica, os dois encontram-se no eixo definido pelo governo como a causa dos problemas na zona e a base da criação da Região Autónoma do Mindanau Muçulmano, mas será que as versões oficiais serão as correctas?

Construído sobre entrevistas à família da realizadora e notícias que se vão ouvindo, War is a Tender Thing consegue revelar a complexidade do tema e fragilidade do processo de paz que tem decorrido desde 2012. Contando a história da sua família e das relações entre os pais, a realizadora consegue mostrar como o privado pode ser político, sem o reduzir exclusivamente a um panorama psicológico, abrindo-o para revelar linhas de poder e de tensões entre os vários grupos sociais que ocupam a zona. No entanto, se esse é um ponto de partida muito interessante e válido de se explorar, acaba por deixar por explicar parte do conflito.

Com um ritmo muito calmo, sem se tornar maçador, a estrutura do filme é dispersa, sem ser incoerente, regendo-se pela ternura do título. A fotografia é uma das preocupações da realizadora, mas, por vezes, acaba por ter um peso demasiado grande, desenquadrando-se do tema do filme. Um filme sólido, mas sem grandes surpresas. Talvez o melhor momento sejam as frases finais da mãe, ignorante do seu privilégio e revelando uma linha de poder marcada.

O Melhor: Partir do pessoal para o político, sem ficar presa a melodramas psicológicos.
O Pior: Alguns problemas com a forma, causados pela desenquadramento de imagens

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