Sexta-feira, 19 Abril

“La Partida”, por André Gonçalves

Histórias sobre a homossexualidade no futebol nunca são as suficientes e, por isso, felicita-se logo à partida esta proposta cubana de mostrar um “romance” condenado desde o primeiro beijo entre dois futebolistas amadores que vivem de “biscates” para sobreviver.

Mesmo que à partida o argumento seja bem linear e o tema do “coming out” encontra-se tão gasto como uma qualquer comédia romãntica no feminino, há aqui cinema suficiente e interpretações sentidas para ultrapassar esse obstáculo.

O maior destaque positivo vai sem dúvida para o retrato imparcial e complexo sobre esta juventude à margem e sobre o revirar de valores morais e de expectativas quando a pobreza é a constante – aqui, o choque maior vai mesmo para o modo como a prostituição gay masculina se torna um estilo de vida bem decente e até incentivado pela mãe do protagonista como método mais fácil de fazer sair uma família da miséria em que se encontra.

Pena é a entrada a pés juntos que é aquele final (embora premeditado, sim, mas não deixando de ser fácil… ) que deixa um sabor amargo a uma película que merece ser vista e que está que nem ouro sobre azul na secção Panorama do Festival. 

O melhor: o retrato social. 
O pior: o final fácil e chapado.


André Gonçalves

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