Não seria uma edição do Queer sem pelo menos um título a disparar a milhas do alvo. Situado nas paisagens rurais da Argentina, “AB” é o acrónimo para duas raparigas – Arita e Belencha – que pretendem sair do campo e ir para a grande cidade (Buenos Aires).
A cadela de Belencha acabou de ter uma ninhada, o que faz com que as duas jovens andem um pouco à deriva pela pequena cidade a oferecer cachorrinhos para adopção.
O espectador é assim convidado a ver uma boa dose destas interacções, com alguns vislumbres do dia-a-dia das mulheres, encapsulados por uma cinematografia muito “fim de verão”. Tudo bonito, se houvesse de facto aqui algum sumo narrativo. Pior, nos últimos 10-15 minutos assistimos a uma confissão de amor e de fé difícil de engolir no seu texto longo e repetitivo. Simplesmente, acabamos por nos importar mais pelo destino dos cachorrinhos que pelo destas duas raparigas. Uma estrela vai para eles.
André Gonçalves
