Sábado, 20 Abril

«Among the Living» por Roni Nunes

A dupla francesa Alexandre Bustillo e Julien Maury vai encontrando cada vez mais dificuldades em manter o alto nível da sua estreia, À l’intérieur, ainda hoje um “clássico” da designada nova onda do terror francês. Se o segundo trabalho da dupla, o pouco consensual “Livide“, trazia, apesar da narrativa um tanto desequilibrada, uma poesia muito particular (de resto o que tornava também À l’intérieur em algo muito mais do que um simples caça de gato e rato ultraviolenta) em Among the Living sobra pouco para justificar maiores entusiasmos.

À semelhança de histórias como a de Conta Comigo, onde um grupo de amigos mete-se em aventuras pelo desconhecido, a história os leva pelos restos de um velho estúdio cinematográfico em ruínas, que esconde vilões que eles bem gostariam de ter deixado quietos.

O filme cruza estas jornadas de adolescentes rebeldes com cinema norte-americano dos anos 70 (há traços de Os Olhos da Montanha, dos mascarados “slashers” e referências explícitas a Halloween, por exemplo), sobrando ainda espaço para o horror visual de criaturas disformes.

Este filme não tem um resultado tão interessante por uma razão primordial: ao seguir a trilha destes clássicos, os realizadores franceses abrem mão daquele tratamento especial que deram às suas histórias nos primeiros dois filmes – onde os planos longos que intercalavam à ação (e chegaram a tomar conta dela em Livide) os tornavam objetos de uma beleza especial no meio do caos e do gore.

Among the Living não é nada de concreto em si e, diferente do que isso poderia significar, o resultado não é original ou auspicioso – mas antes uma amálgama onde a extrema violência termina por ser o único fator diferencial. E era precisamente isso que eles tinham evitado até aqui.

O Melhor: ainda assim é tenso o suficiente
O Pior: a perda estilística daquilo que os diferenciava


Roni Nunes

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