Anyone Can Play Guitar remete-nos ao boom das bandas roqueiras de Oxford, desde 1978 até aos tempos atuais.  Influenciados pela onda punk dos anos 70, que de certa forma democratizaram o acto de fazer música, ao mesmo tempo que implantaram uma anarquia estrutural dentro do meio artístico, as bandas de Oxford cresceram até originar uma complexa diversidade de melodias e estilos, umas com mais sucesso que outras, mas todas elas contribuíram para colocar a cidade inglesa como a capital musical do século XX (tendo Oxford mais bandas por metro quadrado que qualquer outra cidade do Mundo). Dentro desse movimento musical, surgiram grupos como os Radiohead (provavelmente a banda mais conhecida desta manifestação), Supergrass, os “amaldiçoados” The Candyskins, Talulah Gosh, a promessa que nunca cumpriu que foram os The Unbelievable Truth e entre outros.

Um coisa é certa, conforme seja a natureza do documentário, o fator que o poderá distinguir dos demais não é o seu conteúdo, mas a forma como é exposta e elaborada a sua narrativa, e por fim avaliar se esta é ou não propícia para algum tratamento estilístico (um toque autoral e criativo aufere personalidade). A verdade é que em “Anyone Can Play Guitar” há um tema, mas o que não temos é a ousadia nem sequer a inovação de desenvolver esta imensa teia de histórias sobre o movimento musical de forma menos académica. E é sobre esse academismo que se aponta como falha neste filme escrito e dirigido por John Spira, o qual o transformou numa peça formalizada mas de composição quase televisiva, sem grande arte na sua concepção. Por outras palavras, a narrativa segue isenta de qualquer conflito inerte, sem a ambição para mais do que somente uma linha intercalada por entrevistas, filmagens, entrevistas e assim por diante.

Obviamente a matéria recolhida para este exemplar merecia uma disposição mais dinâmica de forma a complementar os tons de crítica que por vezes instala, mas tudo é ofuscado por uma falta de interesse em explorar as mesmas. Soa como um resumo de algo grandioso, ficando-se pela riqueza musical e pelas dignas intenções. Este é um dos casos que por vezes o conteúdo não é o suficiente se não possuir forma.