Quinta-feira, 28 Março

«La Prima Neve » por Roni Nunes

Drama situado numa aldeia nas montanhas, onde os dois protagonistas de origem e idade completamente diferentes (um é adulto e africano, o outro é uma criança italiana) aproximam-se pela única afinidade que possuem – um presente assombrado por uma tragédia recente. Para Dani (Jean-Christophe Folly), oriundo do Togo e chegando à Itália após uma dramática travessia pelo Mediterrâneo, a consequência é a extrema dificuldade em lidar com a filha de um ano; para o menino Michele (Matteo Marchel), os problemas do relacionamento com a mãe agravam-se enquanto ele sofre a ausência do pai.

A aposta de Sagre na construção visual facilmente o aproxima do chamado “cinema contemplativo”, embora longe de ser dos exemplares mais radicais do género. O ambiente que circunda os personagens tem tanta importância quanto estes e, se em Shun Li e o poeta eram as bucólicas imagens de uma pequena cidade litorânea italiana que enquadrava a ação, aqui o realizador parece deixar-se tranquilamente seduzir-se pelas magníficas paisagens dos Alpes italianos.

Em relação ao seu filme de estreia, o tema da imigração é bem menos importante, assim como o das diferenças culturais, com Sagre a priorizar os dramas interiores em vez do universo exterior – especialmente com o gosto do realizador em cruzar personagens sem nada, aparentemente, em comum. Diferente de Shun Li e o Poeta, no entanto, La Prima Neve escapa menos bem a um certo esquematismo, para além de um final previsível.

O Melhor: a construção visual
O Pior: alguma previsibilidade


Roni Nunes

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