Sexta-feira, 29 Março

«Dancing in Jaffa» (Dançar em Jaffa) por Hugo Gomes

Dançar em Jaffa é o típico documentário que é erguido por uma ideia inicial promissora, mas que “cai” sobre um manto de incoerências e a sugestão de manipulação narrativa de que é alvo e tendo em conta no Mundo em que vivemos, difícil é mesmo ser ingénuo. A premissa é a seguinte: Pierre Dulaine, tetracampeão do Mundo em danças de salão, regressa à sua terra natal, a Jaffa, para implementar um programa de ensino de dança às crianças da cidade. Contudo, este programa tem certos requisitos, tudo porque Dulaine ambiciona juntar pares mistos entre crianças judias e crianças palestinas (ou seja, a expressão “dançando com o inimigo” é aqui valida).

Evidencia-se algo de valioso aqui, de pedagógico a educativo, mas o documentário sob a direcção de Hilla Medalia segue trilhos novelescos, chegando à exploração da “miséria humana” até a detalhes meramente gratuitos e de veracidade duvidosa. A verdade é que após entregue a pacifica temática, somos surpreendidos por um concurso de dança (isto não vinha nos planos). Como sabem, a competição não é sinonimo de harmonia e derivado a isso as fragilidades do dito programa são assim descobertas e colocadas ao relento – desde a rivalidade entre os das próprias “tribos” até à fraude dos resultados da competição.

Dançar em Jaffa é uma espécie de bombista suicida. Autodestrói-se em menos de nada e descarta toda a sua potencialidade e estima. Para “coisas” como estas já bastam os enésimos programas de dança que reinam as nossas grelhas televisivas, onde um prémio monetário é o único objectivo a atingir e não a “paz mundial”. O qual promete Pierre Dulaine e que Hilla Medalia teima em fantasiar.

O melhor – a premissa e o desafio
O pior – sairmos com a sensação de manipulação e de dramatização gratuita


Hugo Gomes

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