O primeiro trabalho de direção de Geoffrey Fletcher (argumentista de Precious de Lee Daniels) é uma “salganhada” do cinema de crime, passando por toques de Oliver Stone (nomeadamente Assassinos Natos, devido a sua despreocupada e experimentalista perspetiva quanto à violência) até chegar a território ameno de Rodriguez ou Tarantino. Porém, Fletcher evidencia admiração a estas referências mas nunca entusiasmo ao proferi-las. Violet & Daisy segue a jornada de duas jovens assassinas (Saorise Ronan e Alexis Bledel) que mesmo estando integrados num mundo predominado pela morte, a encaram com a maior das ingenuidades. O aparecimento de um novo serviço irá levá-las a questionar sobre as suas convenções e cumplicidades.

Tentando incutir uma capa de filosofia barata sem qualquer intensidade dramática nem emocional, Violet & Daisy soa como uma brincadeira de atores, sem qualquer objetividade em todo aquela violência gratuita (amadora e nada surpreendente) e o fracassado invocar do humor negro. Involuntariamente ridículo e trapalhão na sua narrativa, Fletcher consegue um filme eficaz no seu elenco, com Saoirse Ronan a concentrar-se numa personagem que equilibra a imaturidade e a negra inocência, dá um a zero a uma insonsa Alexis Bledel, e por fim um James Gandolfini a controlar a situação.

Mas de resto é puro aborrecimento nesta barata cópia dos profissionais do ramo. Sem misticismo nem identidade, Violet & Rose é uma perda de tempo dividido em nove pontos narrativos que auto-disfarçam com um pretensiosismo ejacular.

Pontuação Geral
Hugo Gomes
violet-daisy-por-hugo-gomesSem identidade, Violet & Daisy vai buscar a sua inspiração às múltiplas referências, porém sob um uso indevido e pouco concentrado.