Sexta-feira, 19 Abril

«La Vie D`Adèle» (A Vida de Adèle: Capítulos 1 e 2) por Paulo Portugal

Estava tudo em aberto até as três horas de filme de Kechiche. O que se seguiu foi a quase certeza de que dificilmente veria um filme superior, mas também que seria difícil a Spielberg conceder a La Vie d’Adèle a Palma de Ouro. Assim não foi, o que permite que o filme cumpra a sua admirável história. Não nos lembramos de ver um filme tão profundamente erótico, íntimo, mas ao mesmo tempo belo, épico mesmo, sobre o amor entre duas jovens, Léa Seydoux de longe no seu melhor papel e uma força da natureza chamada Adèle Exarchopoulos.

Como a mesma intensidade com que Abdellatif Kechiche filmara a sublime cena ao almoço em O Segredo de um Cuscuz, também estas cenas de sexo prolongado parecem ter sido (e foram!) o alvo de longas horas de filmagem com várias câmaras. Daí se extrai a verdade, que nos perturba, emociona e cativa.

Baseado no comic book de Julie Maroh, em que se segue a história de Adèle (Adèle), uma jovem de 17 anos que cede à curiosidade e descobre o prazer da intimidade feminina através de Emma (Léa), uma lésbica de cabelo azul. No que se adivinha ser o segundo capítulo, sente-se a dor do final de uma relação. 

No final, saímos exaustos (não pelas 3 horas de duração, por certo), mas pela proximidade com que vivemos aquela relação. Porque foi tudo cinema, do melhor que temos visto.


Paulo Portugal

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