Sexta-feira, 29 Março

IndieLisboa’11: «Gravity Was Everywhere Back Then» por João Miranda

Leonard, funcionário de uma loja de ferragens no Kentucky, durante anos construiu uma casa como uma máquina de cura para a sua mulher, Mary. A casa estava cheia de elementos fantásticos, anexos, nichos, torres, cores, números, tudo numa obscura relação inventada e mantida por Leonard, mesmo anos depois da morte de Mary, um monumento ao seu amor por ela, uma prece feita matéria, descoberta por Brent Green, escultor da Pensilvânia, que ficou maravilhado a ponto de dedicar o seu primeiro filme a ela.
«Gravity Was Everywhere Back Then» é a história de Leonard e Mary, parcialmente recontruída sobre os elementos que ficaram, os buracos causados pelo tempo cosidos pela poesia e imaginação de Brent. Com influências óbvias de Guy Maddin e Michel Gondry, o filme é feito em animação stopmotion, com elementos de fantasia misturados com actores reais, num lirismo visual com uma fisicalidade que as imagens criadas por computador não permitem.
No ecrã, a religiosidade de Leonard contrasta com o cepticismo de Brent Green, dando origem a momentos de reflexão profunda, com a urgência da poesia lida, acentuadas pela música e revelando a necessidade da construção de um mundo próprio por cada um de nós, por muito impossível e lírico que possa parecer. Essa foi também a mensagem do realizador na pequena secção de perguntas que se seguiu ao filme que, entre o irreverente e o tímido, reforçou a necessidade de estar sempre a construir, sempre a criar, sempre a maravilhar-se.
Com apenas 5 cópias do filme existentes, vale a pena tentar apanhar a próxima exibição do filme na sexta-feira 13, às 18h45 no São Jorge.
O Melhor: Há momentos de um lirismo emocionante.
O Pior: A iluminação, há cenas em que quase não se vê nada.
A  Base: Uma fantasia visual emocionante sobre o amor e a necessidade de construir o nosso mundo. 7/10

Notícias