Sábado, 20 Abril

Gérard Depardieu critica Festival de Cannes

Em entrevista ao L’Obs, o ator russo Gérard Depardieu mostrou-se bastante crítico com a edição deste ano do Festival de Cannes, edição essa que tinha na Seleção Oficial um filme onde é protagonista, Valley of Love, onde contracena com Isabelle Huppert, numa história de um casal divorciado que parte para o deserto após receber uma carta do seu filho que se suicidou.

Je m’en fous, moi, de Cannes!” disse Depardieu, afirmando que Deephan não era merecedor da Palme d’Or, embora revele-se feliz pelo cineasta francês Jacques Audiard, “sobretudo porque falou do pai, pergunto-me mesmo se já não terá sido a primeira vez. Quando naquela cena, Jacques fala de Michel, as estrelas brilham nos seus olhos. Podemos ter confiança de que talvez vá recuperar“, não especificando a que se refere.

E acrescenta: “Acho que deviam ter dado o prémio de melhor argumento a Guillaume Nicloux [realizador de Valley of Love], que merecia. O palmarés assemelha-se ao que chega agora a Cannes, é franco-burguês. O que não me impede de ficar profundamente feliz por Vincent Lindon [protagonista de La Loi du Marché, vencedor do prémio de melhor ator], que é um rapaz maravilhoso e que contribui enormemente para a ressurreição de um cinema francês que não tínhamos mais e que nos é essencial. Vincent tem uma força que inspira o desejo e que consegue comunicar ao espectador“. Sobre a realizadora Maiween e atriz Emmanuelle Bercot (Mon Roi, vencedor do prémio de melhor atriz), diz apenas “enfim… avancemos“.

O ator referiu ainda as suas experiências na fase de produção do filme e das semelhanças com o seu próprio filho, o falecido Guillaume Depardieu: “Não é fácil viver com isso. Durante toda a rodagem, não bebi uma gosta de álcool. A ascese, também a conheço, mas jamais a este ponto e sem o fazer intencionalmente. Como se me tivesse verdadeiramente encontrado com ele.

Sobre o seu estatuto de pessoa controversa, declarou que “Se os estrangeiros não gostam de mim, não é porque faço filmes, mas porque urino num avião e porque tenho um passaporte russo! Talvez assim as pessoas vejam que sou livre“. Atualmente, o ator encontra-se a trabalhar em Saint-Amour, um projeto realizado por Fanny Ardant, atriz com quem contracenou em diversos filmes, notavelmente A Mulher do Lado de Truffaut.

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