Quinta-feira, 25 Abril

Festival de Jerusalém: entre a paixão ao cinema e a arte como resistência

O festival decorre entre 25 de julho até 4 de agosto.

Os parasitas de Bong Joon Ho abriram a 36ª edição do Festival de Jerusalém. O último vencedor da Palma de Ouro teve as honras de contar com um visionamento lotado e ao ar livre no Sultan’s Pool, situado em frente a Cinemateca da cidade.

O presidente de Israel, Reuven Rivlin, marcou presença no evento, falando sobretudo sobre a sua relação com a Sétima Arte, o que por si só leva à sua recentemente falecida,esposa, Nechama Rivlin, uma figura presencial e querida no Festival (a edição deste ano conta com um prémio em sua homenagem, que será entregue ao melhor primeiro filme). “Fugia para o Cinema para me esconder das aulas de violino“, referiu o chefe do estado israelita antes de mencionar a cinefilia da sua mulher, que viria por fim alterar a sua visão para com o Cinema.

Após o discurso de Rivlin, foi a vez de dar a vez a outras vozes que pronunciavam o seu amor pelo cinema, mas nem todas foram bem recebidas pelo público presente, como Miri Regev, ministra da Cultura, cuja intervenção num vídeo promocional foi recebido com apupos, enquanto que Katriel Schory, foi saudado com um forte aplauso. Produtor e uma das mais respeitadas figuras da industria israelita, Schory está há mais de 20 anos à frente do Israel Film Fund.

Acérrimo defensor da arte, Schory subiu ao palco para receber em mãos o Prémio de Carreira, o seu discurso foi mais que incendiário, jurando que o seu trabalho no Fundo Cinematográfico esteve ausente de qualquer agenda política, até porque, segundo as suas próprias palavras, “financiar arte e cultura não é solidariedade, é prevalecer o discurso livre. Se a liberdade tem um sentido, é o dizer às pessoas aquilo que elas não gostam de ouvir“. Uma citação parcial de Georges Orwell que demonstra mais uma vez que o Cinema de Israel é uma resistência a qualquer cenário político.

Contudo, a celebração continuam a ser as imagens de ecrã, a emoção das histórias e a coragem de imortalizar nas nossas memórias. Os discursos cessaram e deram por fim a sua vez ao filme, Parasite, que regressou mais uma vez para brilhar. Promete ser um dos filmes do ano, uma metáfora o parasitismo social e a guerra entre classes, envolvido por um ritmo frenético, reviravoltas várias e muito sentimento. Bong Joon ho talvez tenha construido um belo cadáver exquisito.

Entre as grandes atrações deste ano contam-se uma retrospetiva exaustiva da obra do polaco Pawel Pawlikowski (Cold War, Ida), uma homenagem a Bernardo Bertolucci e ainda apresentação das cópias restauradas de Bar 51 do israelita Amos Gitai, Aida de Clemente Fracassi e a versão remasterizada de Alien, de Ridley Scott, em comemoração aos seus 40 anos.

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