Sexta-feira, 19 Abril

Animação não é (só) coisa de crianças: arranca hoje (20/03) a Monstra

 

Tendo como os principais espaços os cinemas São Jorge, Alvalade, Ideal e a Cinemateca Portuguesa, a 18º edição do festival decorre em Lisboa entre 20 e 31 de março. Entre curtas e longas que cobre um amplo especto, que vão do terror ao erótico, passando pelo documental e, claro, com um foco no universo infantil, centenas de filmes serão exibidos.

Com as seções Pais e Filhos e a Monstrinha a celebrar aquilo que normalmente se espera de um festival de animação, onde obras para toda a família são o centro das atenções, um dos maiores destaques está, antes pelo contrário, no cinema adulto. Com uma vasta programação competitiva e dedicada a retrospetivas, o festival oferece uma contagiante amostragem da produção mundial.

Nesta área os temas são sérios e apresentam uma impressionante variedade de espaços geográficos, períodos históricos e temas – muitos deles políticos. Eles caracterizam o que o diretor da Monstra, em conversa com o C7nema, designa por um caráter de intervenção.

A Monstra tem dois públicos fundamentais – um mais jovem, que movimenta-se entra a Monstrinha e as mostras de estudantes e um público mais sénior“, explica. “Para estes é importante falarmos de memória e do presente. O trabalho de um festival de cinema não é apenas mostrar trabalhos sob um ponto de vista estético e técnico, mas servir como um espaço de intervenção, de modo que não fiquemos apenas sentados no sofá em frente a um ecrã vendo o mundo passar a nossa volta. Existem questões que exigem a nossa atuação“.

Japão, Médio Oriente, Cambodja, Paris, África, Brasil: a competição

A Competição Internacional é largamente uma montra disto mesmo. Um dos destaques é o brasileiro Tito e os Pássaros, que tem antestreia nacional e aborda, sem perder de vista o público infantil, um dos temas cruciais da contemporaneidade: a cultura do medo.

Na linha de uma seriedade criativamente explorada pelas possibilidades da animação, The Magnificent Cake! inscreve-se como um épico sobre o colonialismo em África, aproximando-se de uma tendência que na Monstra merece o nome da seção “Dokanim” – a fusão com documentário.

A escravatura, associada ao tema do tratamento dado às mulheres, surge no vencedor do César francês deste ano, Dilili em Paris, que trará a Lisboa o seu realizador Michel Ocelot para apresentar esse enredo de investigação que tem a “belle époque” do início do século XX como pano de fundo.

O terrível período de instalação do Khmer Veremlho no Camboja é o tema de Funan, enquanto The Tower, é uma coprodução escandinavo-francesa que debruça-se sobre o conflito geracional num campo de refugiados de Beirute. Por fim, mas não menos importante, Mirai é um dos grandes destaques mediáticos da Monstra, tendo concorrido aos Oscar de Melhor Animação e marcando mais um ponto internacional para a incontornável animação japonesa.

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Homenagens a mestres de animação (Satoshi Kon, Normam McLaren, Raoul Servais, Paul Bush, Stéphane Áubier e Vincent Patar, entre outros) unem-se a diversas retrospetivas e exibição de clássicos da animação – com destaque para a produção canadiana.

Nas atividades extracinematográficas, entre os destaques a exposição dos estúdios Aardman no Museu da Marioneta, onde o público terá acesso a 47 marionetas, oito cenários e diversos “storyboards” da empresa que produziu A Ovelha Choné, A Fuga das Galinhas e Wallace e Gromit, entre outros sucessos.

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