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Arranca o Festival de Roterdão com grande presença portuguesa

Começa hoje (23/01) e prolonga-se até ao próximo dia 3 de fevereiro o Festival de Cinema de Roterdão, certame onde se poderá assistir a mais de uma centena de antestreias mundiais e que é considerado um dos mais importantes (e ousados) festivais de cinema europeus.

Uma abertura “ácida” e dolorosa

Em 2017 ocorreram 465 ataques com ácido clorídrico em Londres. É um número que a realizadora holandesa Sacha Polak – responsável em 2011 pelo intenso Hemel – considera “bizarro”. “É fácil conseguir esse ácido, a posse não é punível. E é fácil para o perpetrador, como atirar um copo de água (…) Quando fiz a pesquisa, ele era usado principalmente em situações passionais: se não és bela para mim, não és para mais ninguém“, disse Polak ao jornal Volkskrant, em referência ao seu mais recente filme, Dirty God, a fita que marca a abertura do Festival e que depois segue para Sundance.

Nele seguimos Jade, uma jovem mãe em Londres que foi atacada com ácido pelo seu ex-companheiro. Com marcas no pescoço, peito, braços e parte do rosto, Jade é um exemplo de resiliência, procurando o filme mostrar que as queimaduras podem curar, mas as cicatrizes permanecem.

 

A liderar o elenco temos Vicky Night, atriz em estreia, também ela marcada gravemente por queimaduras quando era criança: “Eu disse desde o começo: nós também podemos fazer esse filme com uma atriz como a Emma Watson (…) Mas também podemos fazer um filme mais crú e verdadeiro. Esse é o tipo de filme que amo.“, explicou a realizadora.

Edgar Pêra em retrospetiva…

O cineasta português é alvo de uma retrospetiva por um certame que bem o conhece, na qual serão exibidos 21 filmes e um cine-concerto. Dividido por três programas – Early Works; Where the Masses Chant; e Visions in Concrete and Stone – serão apresentadas desde as suas primeiras curtas metragens, até alguns filmes mais conhecidos, como O Barão e Virados do Avesso. O “pesadélicoCaminhos Magnétykos [1] também será exibido, bem como KINORAMA – Beyond the Walls of Cinema, que terá no evento a sua antestreia mundial.

Haverá também o cine-concerto 3D Lovecraftland, com The Legendary Tigerman. Nele, trechos de textos de H.P. Lovecraft (lidos por Keith Esher Davis) são apresentados com imagens, às vezes em 2D e às vezes em 3D, remixados in situ pelo colaborador de longa data Claudio Vasques com imagens de vídeo capturadas por Pêra durante a performance. A música é cortesia de Paulo Furtado como Randolph Carter (também conhecido como The Legendary Tigerman), com intervenções performativas de Iris Cayatte e Dominique Pinon.

Mais cinema português

Na secção Bright Future, Ico Costa apresenta a sua primeira longa metragem de ficção, Alva; Catarina Wallenstein e o realizador Felipe Bragança surgem com o luso-brasileiro Tragam-me a Cabeça de Carmen M; Aya Koretzky mostra A Volta ao Mundo Quando Tinhas 30 Anos; e Gastón Solnicki exibe Introduzione all’oscuro.

Já na competição Ammodo Tiger está Anteu de João Vladimiro; na Voices Short surge Casa de Vidro de Filipe Martins, e Mabata bata, do moçambicano Sol de Carvalho; na seleção Deep Focus encontramos Sombra Luminosa de Mariana Caló e Francisco Queimadela; enquanto na Perspectives será exibido Diamantino, de Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt.