Sábado, 20 Abril

“A reação da crítica? Que se lixem!”, diz Eva Husson em Cannes

Numa entrevista ao C7nema, a realizadora francesa Eva Husson atacou o facto da crítica não estar a reagir muito bem ao seu último filme, Les Filles Du Soleil, uma das três obras na competição principal a serem assinadas por mulheres.

Que se lixem [os críticos]. Já superei isso. As audiências gostaram, tivemos 17 minutos de ovação, foi um momento muito especial. Houve pessoas em lágrimas, que se dirigiram a mim emocionadas com o filme, outras – vítimas do genocídio – contaram-me as suas histórias. Por isso, que se lixe isso!“, afirmou a cineasta, que voltou a mostrar alguma revolta por alguns apontarem a presença do seu filme no certame pelo facto de ser mulher: “Eu trabalho o dobro, tenho o dobro dos obstáculos para chegar aqui e depois vem dizer-me que só estou aqui pelo facto de ser mulher? Que se lixem!!”.

Husson mostrou-se ainda lisonjeada com o facto do protesto feminino do último sábado, que juntou 82 figuras do cinema nas escadarias do Palais em Cannes, tenha decorrido no tapete vermelho que antecedeu a exibição do seu filme, dando ela mesmo alguns exemplos de como foi prejudicada na sua carreira pelo facto de ser mulher.

Primeiro confessou ter conhecido um produtor que lhe disse explicitamente que não conseguia de trabalhar com mulheres, algo que agora ele se deve arrepender, já que Husson tem mostrado talento. Para além disso, e pegando no exemplo do filme agora estreado, a gaulesa diz que se fosse um homem o reaalizador, certamente o orçamento do projeto teria sido maior: “isto é um facto“, conclui.

Inspirado em fatos verídicos, mas distorcidos de forma a proteger nomes e locais, Les Filles du Soleil acompanha um bando de mulheres guerrilheiras, uma milícia pronta a libertar o Curdistão do islamismo radical. São soldados(as) que quebram as suas limitações sociais para direcionar a sua amargura, raiva e desespero em prol de uma luta. Tema forte que acena a bandeira do feminismo cada vez mais pontuado na nossa sociedade e nas questões da condição da mulher no Médio Oriente.

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