Quinta-feira, 28 Março

Em “stop motion” arranca hoje (15/02) o Festival de Berlim

A 68ª edição de um dos mais prestigiados festivais de cinema do mundo decorre entre 15 e 25 de fevereiro na capital alemã. Cerca de 400 filmes serão exibidos num festival que, no ano passado, atraiu um público de 500 mil espectadores.

A abertura aposta no relativamente seguro, ainda que se trate de uma animação: Isle of the Dogs tem o carimbo de Wes Anderson e as vozes de Bryan Cranston, Greta Gerwig, Edward Norton, Bill Murray, Jeff Goldblum e Liev Schrieber para uma aventura em “stop motion” que sai em março nos Estados Unidos pela Fox.

Lusitanos…

Os portugueses comparecem com três longas-metragens –  inseridas nos experimentos variados da seção Forum. Our Madness, de João Viana, que já circulou pela Berlinale com A Batalha de Tabatô, trás o períplo de uma fugitiva de um sanatório pelas terras moçambicanas. Tal como no filme citado, o projeto é acompanhado por uma versão curta – Madness.

Mariphasa, que teve estreia mundial no Festival de Vila do Conde do ano passado, é a segunda longa de Sandro Aguillar depois de A Zona, de 2009. Há ainda Drvo – A Árvore, a terceira longa de André Gil Mata, inteiramente filmada na Bósnia. A presença lusitana é completada pela nova curta de João Salaviza, Russa, e Onde o Verão Vai, de David Pinheiro Vicente.

Americanos…

Depois da abertura, o resto dos americanos em Competição surge depois de presenças em Sundance – Damsel, dos irmãos Zellner (David e Nathan), um “western” com Robert Pattinson e Mia Wasikowska, e Don’t Worry, He Won’t Get Far on Foot, elogiado trabalho de Gus Van Sant com Joaquin Phoenix a viver um cartunista tetraplégico. Fora da Competição, destaque para Unsane, novo trabalho de Steven Soderbergh e, no Universo televisivo, o lançamento da série da Amazon The Looming Tower, com Jeff Daniels, Tahar Rahim e Peter Sarsgaard.

Europeus…

Dos europeus, há os suspeitos do costume: Christian Petzold, desta vez sem Nina Hoss em Transit, é sempre uma promessa; Benoit Jacquot nem por isso, mas tem Isabelle Huppert no protagonismo de Eva; já Laura Bispuri reúne um elenco de italianas notórias (Valéria Golino, Alba Rohrwacher mais Udo Kier) para o seu Daughter of Mine, enquanto Cédric Khan traz a veterana Hanna Schygulla em The Prayer; da Polónia Malgorzata Skumowska apresenta Mug e da Noruega o novo projeto de Erik Poppe, U-July 22, sobre o massacre de Utøya.

Diversos

Fora da Competição, José Padilha, o brasileiro de Tropa de Elite, reúne Rosamund Pike e Daniel Brühl em 7 Days in Entebbe, enquanto a catalã Isabel Coixet, depois de uma abertura falhada do certame alemão em Ninguém Quer a Noite, em 2015, reúne Emily Mortimer e Bill Nighy em La Librería, o grande vencedor dos prémios Goya este ano..

De receção variada em Sundance, The Happy Prince é um esforço de Rupert Everett, no seu primeiro filme como realizador, em mostrar os últimos e desesperados anos de Oscar Wilde, que perambulava pela Europa após ter caído em desgraça no seu país.

E asiáticos:

Das Filipinas, o destaque na Competição é Lav Diaz, com mais um filme de longa duração (234 minutos), Season of the Devil a estrear na Alemanha depois de um prémio conquistado em 2016 por A Lullaby to The Sorrowful Mystery. Por seu lado, o prolífico Hong Sang-hoo aparece com Grass na seção Forum.

#MeToo encontra Kim Ki-Duk

Já o célebre cineasta sul-coreano surge na seção Panorama e não passou desapercebido às caçadoras de vilões contra as mulheres. Condenado no final de 2017 pelo tribunal de Seul, pela agressão – física e sexual – a uma atriz  em 2013, a escolha de um filme seu contraria as declarações de intenções do evento alemão em não selecionar trabalhos de realizadores envolvidos em situações semelhantes. Por isso tudo, a atriz, que mantém o anonimato, chamou o festival de “hipócrita”. Já Dieter Kosslick, o diretor, espera “não haver problemas” nos próximos dias com os restantes filmes da programação…

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