Terça-feira, 19 Março

10 documentários do Festival de Sundance que DEVERIAM chegar a Portugal

 

O evento criado por Robert Redford arranca a 18 de janeiro e decorre durante 10 dias em Park City, Utah. Dada a característica de plataforma de lançamento de obras que muitas vezes vêm dar ao circuito de festivais em Portugal, o C7nema reuniu dez filmes documentais que podem iniciar aqui uma trajetória internacional. Espera-se que cheguem por aqui…

 

OUR NEW PRESIDENT

O realizador russo do polémico Pussy Riot: A Punk Prayer agora lança-se sobre a manipulação de notícias na Rússia e no tema explosivo da interferência do país nas eleições norte-americanas. O filme aborda ainda a influência dos media russos no Youtube e outras plataformas ocidentais no sentido de disseminar notícias “falsas”. O festival parece apostar neste trabalho de Maxim Pozdorovkin: passa logo no primeiro dia.

 

THE CLEANERS

Uma abordagem sobre os sinistros subterrâneos da internet surge em The Cleaners, onde os realizadores Moritz Riesewieck e Hans Block debruçam-se sobre as equipas contratadas pelas empresas de Silicon Valley para varrer da net “imagens e conteúdos inapropriados” – que vão desde fotos de zonas de guerra à pornografia. Claro está que, quando se entra no domínio de “quem” e com que critérios julga o que é “inadequado”, o impacto na democracia e na liberdade de expressão é evidente – com consequências para muitas pessoas ao redor do mundo.

 

STUDIO 54

Da política para um dos templos da perdição dos anos 70: a discoteca Studio 54 foi o grande monumento de um certo ideal setentista de hedonismo – reunindo no seu disputado interior celebridades a conviver com “drag queens” e humildes trabalhadores numa vasta democracia social. Enquanto isso, lá fora, outra multidão implorava pela atenção do porteiro. Tudo misturado, claro, com música “disco” e montanhas de cocaína. O filme narra a ascensão e queda dos seus fundadores, Ian Scrager e Steve Rubell.

 

WESTOOD: PUNK, ICON, ATIVIST

Outro ícone diretamente ejetado dos 70s foi Vivienne Westwood, para muitos cínicos a inventora do “punk” ao criar o “design” visual “vendido” por luminares como Sid Vicious – que de Inglaterra espalhou para o mundo os casacos de couro com alfinetes. Ela terminou por construir um império – vivendo hoje em dia, aos 76 anos, de uma incessante luta de fundo ecológico.

 

BAD REPUTATION

“I Love Rock’n’ Roll” foi gravada (ou arruinada, caso se pretenda) até por Britney Spears; para o mundo das massas foi esse eterno “hit” que cristalizou Joan Jett na constelação do reconhecimento. Mais do que isso, Jett tem longos anos de serviços prestados ao rock’n’roll através das Runaways, banda surgida na esteira do “punk” americano que influenciou dezenas de outras. Kevin Kerslake, o realizador, é conhecido por inúmeros telediscos e documentários sobre Soundgarden, Nirvana e Ramones, entre outros.

 

HAL

Consta que Hal Ashby chegou de boleia a Hollywood; foi parar casualmente numa sala de montagem de um filme de Norman Jewison. Arranjou uma amizade para a vida e um apoio fulcral para o início da sua carreira – mais tarde celebrizada por obras como … Nos anos 80, sucessivos “flops” o levaram à uma guerra constante com a indústria do cinema. Filme de Amy Scott que busca retratar um autor obsessivo, cujos temas dos filmes surgiam engajados com o progresso social e as questões de classe e raça.

 

JANE FONDA IN FIVE ACTS

A filha de Henry Fonda e irmã de Peter teve uma carreira meteórica e uma vida marcada de vicissitudes – o suicídio da mãe, a frieza emocional e as guerras políticas com o pai, os três casamentos falhados. Em termos de imagem pública, já foi “starlet”, rainha do “fitness”, feminista e politicamente ativa (à esquerda). É a própria atriz a abordar estes e outros temas com a realizadora Susan Lacy, que já “biografou” David Geffen, Judy Garland e Leonard Bernstein, entre outros.

 

ROBIN WILLIAMS: COME INSIDE MY MIND

O ator, que suicidou-se em 2014, propõe uma espécie de paradigma da anedota contada por Billy Wilder sobre o palhaço Glock. Segundo esta, um sujeito vai ao médico e diz que está deprimido, ao que este responder: “relaxe, vá à uma apresentação do palhaço Glock”. Resposta: “Mas doutor, eu sou o Glock…”. O filme refere a energia intensa e a inventividade cómica de um dos atores mais populares do seu tempo – mostrando o momento em que a mistura entre vida e obra atingem um limite sem retorno.

 

KAILASH

Entrando por temas sociais, Kailash acompanha o trabalho do prémio Nobel Kailash Satyarthi – que atua no mundo aterrador das fábricas sobrepovoadas onde milhares de crianças escravas tratam de suprir a demanda por produtos baratos. Kailash conseguiu, através de uma vasta rede de informantes, resgatar várias delas; o filme acompanha um caso específico, onde tenta encontrar um menino desaparecido há oito meses.

 

KING OF THE WILDERNESS

Martin Luther King Jr. é o tema de King of Wilderness, que aborda a figura mítica de uma doutrina radical de não-violência – num contexto mais atual do que nunca. O filme trata dos últimos três anos antes de ele ser assassinado, os seus conflitos internos e o efervescente contexto à sua volta – à esquerda com a ascensão do Black Power, que considerava suas práticas uma forma de fraqueza e, do outro lado, o presidente Lyndon Johnson classificando como irresponsáveis os discursos contra a Guerra do Vietname.

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