Terça-feira, 16 Abril

O 14º Indielisboa com forte aposta nas produções portuguesas

Cidade Pequena

O Indielisboa’17 vai apresentar uma das maiores competições de produções portuguesas no seu historial enquanto festival. Serão no total mais de 6 longas-metragens (5 delas em estreia mundial) e 18 curtas-metragens, com especial atenção para a remessa lusitana de Berlim, incluindo o galardoado Cidade Pequena, de Diogo Costa Amarante. A contrário de muitas das edições anteriores, esta mostra de cinema falado na Língua de Camões será maioritariamente composta por obras de ficção.

Amor, Amor de Jorge Cramez é um dos destacados na seleção portuguesa, não só pela sua presença na competição nacional mas também por estar inserido na competição internacional. “Desde 2013 que não tínhamos um filme português em competição“, revelou Mafalda Melo, uma das programadoras do festival, que ainda confessa ter visto mais de “2.000 filmes desde o fecho da última edição“, com o propósito de apresentar durante 3 a 14 de maio, uma programação onde os filmes funcionam de forma conjunta. O tema encontrado nesta mostra, segundo Melo, foi a raridade. “Estes filmes são raros, e é raro encontrá-los“.

Inimi Cicatrizes

Enquanto a Competição Internacional é feita por inúmeras primeiras longas-metragens e nomes em ascensão, é na secção Silvestre que encontraremos alguns veteranos e confirmações. Nas propostas é evidente o regresso de Jean-Gabriel Périot [ler entrevista], que após o ciclo dedicado na edição passada, possui um novo filme (Lumières d’été). Alex Ross Perry, célebre pelo aclamado Queen of Earth, marca presença com Golden Exits, protagonizado por Emily Browning, o romeno Radu Jude com Inimi Cicatrizes, Lea Glob afasta-se de Petra Costa [ler entrevista] e reúne com Mette Carla Albrechtsen para nos entregar Venus, e ainda, a obra póstuma de Michael Glawogger (falecido em 2014), o documentário Untitled, com o apoio de Monika Willi.

Ainda na secção Silvestre, em foco está a dupla Gusztáv Hámos e Katja Pratschke, ele húngaro, ela alemã, que apostaram em inúmeros ensaios com base no vídeo e nos filmes-espelho (num formato de instalação dentro de um filme. Quantos aos Heróis Independentes, como já havíamos noticiado aqui, Jem Cohen e Paul Vecchiali marcarão posição. A presença de ambos está confirmada.

Tokyo Idols

A IndieMusic não poderia faltar, com documentários sobre a banda Oasis (Oasis: Supersonic, Mat Whitecross), Frank Zappa (Eat that Question – Frank Zappa in His Own Words, de Thorsten Schütte), e ainda, com especial atenção, Tokyo Idols, de Kyoke Miyaki, um mergulho pelo mundo das girls band e cantoras pops japonesas, jovens que despoletam fenómenos de popularidade que levam a consequências obsessivas.

O Indiejunior mantêm-se e como Mafalda Melo salientou, a importância deste espaço é o de revelar filmes alternativos aos maiss pequenos, uma variação do seu gosto cinematográfico. “Estamos a formar novos públicos, novos cinéfilos e novos adultos“. No Director’s Cut existe um especial destaque à memória de Andrzej Zulawski, motivado pela reposição da sua obra de 1988, On the Silver Globe.

Raw

Miguel Valverde, também programador e diretor do festival, recomendou a obra de Luís Filipe Rocha, Rosas de Ermera, uma viagem pelas memórias do músico e ativista Zeca Afonso. O filme será exibido em sessão especial. Por fim, A Boca do Inferno, a ainda “verde” secção” do certame, será uma apresentação de obras de género mais alternativas e ousadas, onde se destaca este ano a entrada do novo trabalho de Ben Wheatley (Free Fire) e o mediático Raw (Grave [ler crítica]), o filme de canibalismo de Julia Ducournau, que tem feito manchetes por onde fora exibido, desde as desmaios a saídas repentinas dos espectadores na sala.

A 14ª edição do Indielisboa arrancará com o filme de Teresa Villaverde, Colo [ler crítica], que esteve em competição no Berlinale deste ano. O festival dará o seu pontapé de saída com o documentário de Raoul Peck, I Am Not Your Negro. O carinhosamente apelidado Indie acontecerá no Cinema São Jorge, Cinema Ideal, Cinemateca Portuguesa Museu do Cinema, Cineteatro Capitólio e na Culturgest. Esta última tem sido parceira do festival desde 2008, porém, Miguel Lobo Antunes, administrador do centro cultural, irá reforma-se, saído do seu cargo e deixando esta cumplicidade em aberto em futuras edições.

Colo

A programação completa poderá ser vista aqui

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