Quinta-feira, 28 Março

Os sete samurais do cinema japonês elogiam o legado de Kurosawa

Eiichiro Hasumi, Takashi Miike, Tetsuya Nakashima, Kengi Otomo, Sangil Lee, Takashi Yamazaki e Daihachi Yoshida não eram ainda nascidos quando a obra central de Akira Korosawa, Os Sete Samurais, foi apresentada em Veneza, em 1954, vindo a arrebatar o respetivo Leão de Ouro, passando a aclamar-se como um dos filmes da vida eleito por muito cinéfilos e cineastas. Seja como for, estes autores de propostas tão diversificadas como arrojadas representam um pouco o legado de promessa que o velho mestre teve no seu tempo.

Em representação dos colegas, o trio Sangil Lee, Keishi Otomo e Takashi Yamazaki foi chamado para fazer a apresentação para a talk session que antecedeu uma sessão especial do festival de Tóquio dedicada à comemoração dos 60 anos sobre o filme de culto de Kurosawa. Oportunidade aproveitada para salientar o enorme legado e elogiar a sua integridade em não se submeter ao controle criativo dos estúdios. “O senhor Kurosawa fazia filmes de época e nessa altura era muito difícil de recriar a linguagem gestual da época, bem como os maneirismos e comportamentos“, explicou Kenji Otomo. “Por isso dizia sempre aos seus atores para estarem sempre a viver a personagem. Uma obsessão pelo realismo que passava também para o trabalho de câmara. Por isso mesmo tudo aquilo que vemos no ecrã parece autêntico. Só que nessa altura tinha tempo para o fazer. Hoje isso já não existe“, admitiu.


Sangil Lee, Keishi Otomo e Takashi Yamazaki

Transportando o discurso para a atualidade, Yamazaki fez notar que “hoje em dia beneficiamos do facto de termos tecnologia digital, enquanto que eles eram forçados a fazer coisas prodigiosas“, referindo-se ao facto de acabarem por construir pequenas aldeias se isso fosse necessário para o filme. “Hoje isso faz-se tudo com CGI“, rematou.

Lee foi mais longe e explicou que “hoje em dia somos realizadores freelancer“, algo bem diferente do tempo dos estúdios. “Por isso temos de saber exatamente o que queremos fazer“. Mesmo reconhecendo a falta de um impacto mais global para o cinema japonês, Yamazaki lembrou que “só se tivéssemos uma estrela do calibre de Bruce Lee“, e reconheceu que “só os filmes com muito efeitos especiais conseguem romper furar essa barreira do mercado internacional“. Seja como for, Otomo admitiu que esse lado mais limitado do mercado doméstico lhes permite “penetrar mais dentro da nossa própria criatividade“.

Quem são os novos Sete Samurais?

Se é verdade que poucos desconhecerão o trabalho singular do perverso Takashi Miike, autor de uma carreira tão impressionante como produtiva, e que integra filmes como Audition (1999), Ichi the Killer (2001), 13 Assassinos (2010), Hara-Kiri: Death of a Samurai (2011) ou Sukiyaki Western Django (2007), valerá a pena pesquisar o trabalho de Tetsuya Nakashima, por exemplo, em Confessions (2010), a emergência de Eiichiro Hasumi, também com alguma produção relevante para TV, mas em particular os filmes da série Umizaru. Já Takashi Yamazaki pode gabar-se de ter conseguido registar um dos maiores sucessos comerciais do ano passado com The Eternal Zero, tal como sucede este ano com os dois filmes gémeos de Otomo, Rurouni Kenshin: Kyoto Inferno/The Legendo Ends e o muito premiado The Kirishima Thing, de Yoshida (2013), seguido por Pale Moon, o único filme japonês na competição do TIFF.

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