Quarta-feira, 24 Abril

Arranca amanhã (24/10) a AmadoraBD

 

25 anos depois de estrear num pequeno centro cultural da cidade da área metropolitana de Lisboa, a AmadoraBD tornou-se um evento de referência nacional no que toca ao seu tema. A partir desta sexta-feira o certame, que decorre até 09/11, estará novamente em andamento, funcionando nas instalações do Fórum Luís de Camões, na Brandoa.

Entre os destaques para este ano estão exposições relativas ao Batman e à criação do argentino Quino, Mafalda, e uma iniciativa de largo alcance para pensar a arte no mundo de hoje, “Galáxia XXI – o Futuro da Banda Desenhada É Agora“. O evento teve para sua edição deste ano um investimento da Câmara da cidade a rondar os € 510 mil. Em 2013, um público record de 30 mil pessoas passaram pelas suas instalações. Destas, 30% são da Amadora, outros 30 de Lisboa, 30% dos demais locais da área metropolitana e 10% de visitantes vindos de diferentes regiões de Portugal.

UM EVENTO CULTURAL

De acordo com o diretor do festival, Nelson Dona, quando a AmadoraBD surgiu, em 1990, e ainda se chamava Salão, não existia a ambição de ser assim tão grande e a passava apenas por homenagear os artistas que trabalhavam numa cidade já com tradição na área em termos também gráficos e editoriais. A adesão do público, no entanto, que igualou todos os outros eventos juntos da Amadora naquele ano, fez com que a Câmara Municipal passasse a investir cada vez mais no festival.

Já nesta primeira edição as presenças internacionais estavam incluídas – vindo a Portugal o desenhador belga Morris, criador do Lucky Luke. Mas, mais importante que isso, Nelson Dona enfatiza o caráter cultural que foi impresso desde a altura. “Nós nunca quisemos ser uma feira de banda desenhada, sempre nos afirmamos como um evento cultural, o que nos diferenciava no panorama português“, observa. Por fim, as possibilidades de participação do público, sejam como artistas que podem ter os seus trabalhos expostos ao lado  dos grandes mestres, seja nas oficinas, são outro fator de sucesso.

A HISTÓRIA DO HOMEM-MORCEGO

O grande destaque mediático da presente edição é o Batman, super-herói criado em 1939 por Bob Kane e Bill Finger. O diretor do festival ressalta as enormes dificuldades operacionais que levantou o propósito da organização de fazer uma ampla exposição do personagem – refletindo as mais diversas fases pelas quais ele passou em 75 anos de existência.

Para isso, houve apoio museológico de uma comissão norte-americana e do colecionador português João Miguel Lameiras. “Foi muito complicado do ponto de vista logístico. Foi preciso ir buscar peças, descobrir onde elas estavam – algumas das quais guardadas em caixas fechadas há muito tempo“. Dois desenhadores recentes do Batman marcarão presença – Joe Staton e Tom Grindberg, este último também ligado ao Surfista Prateado.

 

MAFALDA

Em relação à personagem de Quino, esta coloca questões de ordem social, económica e, principalmente, de filosofia e política ainda hoje muito pertinentes. Ela pertence a uma família da classe média, normalmente uma faixa de população mais volátil em momentos de crise. Assim, ela representa um conjunto da sociedade que hoje em dia está particularmente fragilizada, seja na perda de direitos adquiridos ao longo de muitos anos, quer ao nível das possibilidades económicas efetivas. “Isto são todas questões que o Quino, através da Mafalda, levanta e que nós trazemos através das peças e de atividades lúdicas que façam as pessoas pensar“.

 

GALÁXIA XXI

Outro dos destaques da 25ª edição da AmadoraBD é a exposição “Galáxia XXI”, uma seção que reúne diversas peças dos últimos três anos e que pretende propor ao público uma reflexão sobre a situação da banda desenhada na atualidade – nomeadamente nas áreas de edição e difusão. “O que nos interessa perceber é o que a banda desenhada é hoje dentro da sociedade de informação em que vivemos. Quando os suportes deixaram de ser apenas o papel e passaram a ser também o ecrã, quais aqueles que têm pertinência e importância“, ressalta.

No mais, como não poderia deixar de ser, o festival dará grande espaço aos autores portuguesas, com destaque para Joana Afonso, vencedor do prémio do ano passado, e Carolina Sobral. Para além de exposições, uma vasta gama de atividades estão pensadas para os mais pequenos.

 

 

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