Sexta-feira, 19 Abril

Arranca hoje o Festival de Cinema de Veneza

Começa hoje o Festival de Cinema de Veneza, o mais antigo festival de cinema do mundo, que arranca para esta 70ª edição num ambiente de festa. Ao todo, e até ao dia 7 de setembro, será possível ver na seleção oficial cerca de 54 longas metragens, 52 das quais em antestreia mundial. Já contabilizando as curtas-metragens, estarão em exibição obras de 33 países, com a Itália, França e os EUA a contribuirem com o maior números de filmes.

Gravidade e Venice 70 – Future Reloaded em foco na abertura

A abrir hoje o certame temos o drama espacial Gravidade, um filme do mexicano Alfonso Cuarón que conta com George Clooney e Sandra Bullock nos principais papeis.

O filme, que faz parte da seleção oficial do festival fora de competição, tem Sandra Bullock como a Dr. Ryan Stone, uma brilhante engenheira na sua primeira missão espacial. Com ela está o veterano astronauta Matt Kowalsky (George Clooney), naquele que será o seu último voo antes da reforma. Porém, num passeio a pé no espaço, aparentemente de rotina, acontece uma catástrofe. A nave é destruída, deixando Stone e Kowalsky sozinhos no espaço. Não existe grande salvação, nem esperança e o silêncio avisa-os que não têm qualquer ligação à Terra. Quando o medo se transforma em pânico há ainda mais um problema. O oxigénio que têm consigo também se esgota mais rapidamente.

Gravidade

Esta é também a terceira vez que um filme de Cuarón passa no certame, isto depois de em 2001 Y Tu Mamma También ter vencido no certame o prémio de melhor argumento e o prémio Marcello Mastroianni, atribuído a Gael García Bernal e Diego Luna. Já em 2006 foi a vez de Os Filhos do Homem terem conquistado no festival o prémio de melhor cinematografia.

Ainda na programaçao de hoje está Venice 70 – Future Reloaded, um projeto constituido por diversas curtas metragens de diversos realizadores que procura ser uma reflexão sobre o futuro do cinema, sendo a sua forma na linha de trabalhos como Cada um o seu cinema, executado por ocasião dos 60 anos do Festival de Cannes. Entre os cineastas que contribuiram para esta obra contam-se os portugueses João Pedro Rodrigues e Teresa Villaverde, para além de outros grandes nomes do cinema mundial como Bernardo Bertolucci, Claire Denis, Atom Egoyan, Aleksei Fedorchenko, Amos Gitai, Monte Hellman, Abbas Kiarostami, Rama Burshtein, Julio Bressane, Catherine Breillat, Karim Aïnouz, Isabel Coixet e James Franco.

Amapola, de Teresa Villaverde

Uma programação rica e variada 

Os novos filmes de Amos Gitai (Ana Arabia), Hayao Miyazaki (Kaze Tachinu), Gianni Amelio (L’intrepido) [ele que deu a Itália em 1998 o seu último Leão de Ouro] , Stephen Frears (Philomena), Tsai Ming-liang (Stray Dogs) e Terry Gilliam (The Zero Theorem) são os principais destaques na luta pelo Leão de Ouro. A estes a ainda a salientar o regresso ao cinema de Philippe Garrel (La Jalousie) e Xavier Dolan (Tom a la Ferme), bem como a forte presença da armada norte-americana, onde encontramos James Franco (Child of God), David Gordon Green (Joe), Kelly Reichardt (Night Moves) e Errol Morris (The Unknown Known: The Life and Times of Donald Rumsfeld), entre outros.

Ana Arabia

Fora de competição, e para além do já mencionado Gravity, o realce tem de ser dado ao retorno de Kim Ki-duk [vencedor do Leão de Ouro no ano passado por Pietà], Ettore Scola (Che strano chiamarsi Federico Scola racconta Fellini), Paul Schrader (The Canyons), Andrzej Wajda (Walesa. Man of Hope) e surpreendentemente Greg McLean com a sequela de Wolf Creek.

Igualmente fora de competição que será exibido Redemption, a mais recente curta-metragem de Miguel Gomes.

Júri

O italiano Bernardo Bertolucci preside o júri da competição principal. A ele juntam-se nomes nomes como as atrizes Carrie Fisher, Martina Gedeck e Virginie Ledoyen, os realizadores Pablo Larraín e Andrea Arnold, o director de fotografia Renato Berta, o compositor Ryuichi Sakamoto  e o ator e realizador Jiang Wen.

A homenagem a William Friedkin e Andrzej Wajda

O cineasta William Friedkin – mais conhecido por filmes como O Exorcista e Os Incorruptiveis contra a Droga – vai ser agraciado com um prémio pela sua carreira no Festival de Cinema de Veneza. Esta homenagem servirá também para paralelamente ser apresentada uma versão restaurada de O Comboio do Medo, um filme de 1977 protagonizado por Roy Scheider.

William Friedkin e Paulo Branco no Lisbon & Estoril Film Festival em 2011

O Leão de Ouro é algo que nunca esperei, mas sinto-me muito orgulhoso e aceito este prémio com gratidão e amor“, afirmou Friedkin, cuja história no certame nos remete a Jade (apresentado em Veneza em 1995) e Killer Joe (em competição em Veneza em 2011).

Já o polaco Andrzej Wajda, realizador de Danton, Um amor na Alemanha e Katyn, vai receber, a 5 de setembro, o prémio especial Veneza Persol. Recordamos que Wadja já foi distinguido com o Leão de Ouro pela sua carreira, em 1998.

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